Talvez alguns dos leitores já deva ter passado pela experiência de estar dirigindo à noite tranquilamente, conversando ou ouvindo uma música, observando os carros vindo no sentido contrário. Então, conforme o carro da outra pista se aproxima e tudo parecia normal, quando fica bem próximo, quando os faróis do outro carro estão apontando bem nos seus olhos, de repente, você percebe que ele está no meio da pista e em um ato súbito, de puro reflexo, você puxa o carro para o lado para evitar qualquer risco de colisão. Milésimos de segundo evitaram o acidente. Assim parece estar sendo conduzida a política monetária do Banco Central brasileiro: no reflexo.
No início de abril, a expectativa do BC era controlar a inflação em 2023, encerrando o ciclo de juros até a metade deste ano. Após a divulgação da ata do COPOM referente à reunião do dia 15 de junho, os brasileiros descobriram que os juros continuarão subindo, a inflação é persistente e não cederá tão cedo. São os faróis do carro nos olhos do brasileiro.
Creio que o Banco Central ignorou durante todo ano o aumento dos preços de energia, seja petróleo ou gás. Desde o começo da guerra da Ucrânia, os preços dos combustíveis têm disparado no mundo todo. No Brasil, não foi diferente. Apesar de saber dos fatos e dos impactos, resta-nos conceber que os outros comunicados do Banco Central ou foram demasiadamente otimistas ou fizeram parte de um jogo de cena para tentar manter o mercado calmo, na melhor das hipóteses.
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Pois bem, erro ou imprudência, não importa. Os faróis estão, de fato, apontados para os olhos daqueles que gerem a política monetária e o movimento brusco de última hora está sendo executado. O rumo teve que ser reajustado novamente, agora admite-se finalmente o tamanho real do problema. Esperamos que isso evite a colisão – em muitos casos a fatalidade acontece.
No caso brasileiro, podemos dizer que evitar-se-ia uma convulsão social causada pelo aumento dos preços dos alimentos e combustíveis. Afinal de contas, ninguém aguenta pagar R$7,00 o litro de leite.
A inflação alta já faz parte da realidade de todo brasileiro. Em outro artigo, explicarei mais porque ela veio para ficar por mais tempo do que os economistas preveem. É ela ou recessão. Por isso, salvem o leite de seus filhos, invistam em títulos indexados à inflação e não deixem suas economias sumirem!
