Em um documento encaminhado nesta quinta-feira, dia 18, ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que classifica como impertinentes, ofensivas, agressivas e desrespeitosas as 50 perguntas formuladas pela Polícia Federal no inquérito que investiga o suposto favorecimento à empresa Rodrimar com a edição do Decreto dos Portos, o presidente Michel Temer afirmou que nunca pediu ou autorizou alguém a receber recursos de campanha ou de “qualquer outra origem” em seu nome.
Temer negou todas as suspeitas de que tenha autorizado seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures a negociar propina para editar o decreto que teria beneficiado a empresa que atua no setor de portos. Ele chegou a ser preso pela PF quando foi flagrado recebendo uma mala de um executivo da J&F com R$ 500 mil no ano passado.
A investigação aponta que Rocha Loures, que atualmente cumpre prisão domiciliar, era o operador de Temer para tratar com a J&F. “Nunca solicitei que o Sr. Rodrigo Rocha Loures recebesse recursos de campanha ou de qualquer outra origem em meu nome”, respondeu o presidente por escrito.
Temer declarou que nunca o autorizou a fazer qualquer tratativa em seu nome. “Peço vênia para realçar a impertinência de tal questão, por colocar em dúvida a minha honorabilidade e dignidade pessoal”.
Em outra questão, Temer disse que confiava em Rocha Loures como assessor, cargo que ocupou com Temer na vice-presidência e também depois, como presidente.
“Rocha Loures foi meu assessor, razão pela qual nele depositava confiança quanto ao exercício das funções inerentes à sua assessoria”, escreveu.
O presidente também negou à PF que teria feito o mesmo pedido a João Baptista Lima Filho ou a José Yunes para que recebessem dinheiro em troca da edição do decreto.
Neste ponto, Temer recrimina as perguntas da polícia: “Reitero a agressividade, o desrespeito e, portanto, a impertinência, por seu caráter ofensivo, também dessa questão, tal como das anteriores”, pontuou.
O presidente também garantiu que o decreto não beneficiou a Rodrimar, negou o uso de caixa dois nas campanhas eleitorais, disse que não conhece Ricardo Conrado Mesquita e que esteve “rapidamente” com Antônio Celso Grecco, com quem “jamais” teria tratado de concessões no setor portuário.
O inquérito segue em fase de depoimentos e produção de provas pela Procuradoria Geral da República e, caso reúna elementos suficientes para oferecer denúncia contra o presidente, a Câmara dos Deputados precisará, mais uma vez, autorizar ou não o STF a processar o presidente.