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Em nome da corrupção e da safadeza

Em nome da corrupção e da safadeza


Parece que o agravamento da crise política, a delação do Joesley Safadão e as provas produzidas contra si mesmo a cada vez que tenta se explicar detonaram de vez os pudores do temerário governo de Michel Temer pra tomar atitudes que podem ser entendidas como tentativas de barrar as investigações da Operação Lava-Jato.

E veja você que eu estou pegando bem leve pra classificar o significado da ascensão de Torquato Jardim ao Ministério da Justiça, mais como advogado de defesa do presidente encurralado do que qualquer outra coisa.

E olha que o cara nem precisou se aboletar na nova cadeira pra mostrar a que veio: a gravação não tem valor, o ministro Edson Fachin é questionável, o chefe da polícia federal pode ser trocado a qualquer momento e não há nada mais natural que um pedido de vistas pra atrasar o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.

Em tese, tudo muito republicano. Mas vamos combinar que não há espaço pra teorias numa hora dessas, né mesmo?

O certo é que Torquato está ali com uma missão bem definida: interferir na Lava-Jato, retomar o controle da Polícia Federal, enfraquecer o Procurador-Geral Rodrigo Janot, intimidar o Supremo Tribunal Federal e influnciar o Tribunal Superior Eleitoral.

Não é pouca coisa prum cara que há pouco tempo disse num congresso sobre ciência política e direito eleitoral no Piauí que o centrão formado por treze partidos e 220 deputados – todos acoitados na base política do governo Temer – foi montado em nome da corrupção e da safadeza.

E veja bem: não fui eu quem disse isso. Foi Torquato Jardim.

E não foi só isso o que ele disse: no mesmo seminário, ele falou com todas as letras que os partidos políticos tupiniquins são como balcões de negócio.

Ops, caiu aqui: eu preciso confessar pra vocês que quase confiei nas declarações do Torquato e que eu concordei com boa parte do que ele disse.

Mas parece que o jogo de cena ficou lá mesmo, só no Piauí.

De volta a Brasília, Torquato parou de rosnar e virou o bichinho de estimação do bandido de plantão que não quer largar o osso do poder por nada nesse mundo.

E enquanto lambe as botas do dono pra mostrar a fidelidade canina a soldo de quem paga o salário de ministro, tenta esconder o rabo que balança contente enquanto late e mostra os dentes.