No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre como a atenção afetiva dos pais pode moldar o cérebro das crianças.
Um estudo recente publicado na revista científica Ciência Latina trouxe novas evidências sobre como a atenção afetiva recebida na infância pode impactar profundamente o neurodesenvolvimento humano. O trabalho investigou os mecanismos neurológicos associados ao que os autores chamam de “Síndrome Z”, um conjunto clínico que reúne alterações cognitivas, emocionais e sociais ligadas à falta de cuidado adequado na primeira infância.
De acordo com os pesquisadores, as descobertas foram possíveis por meio de técnicas avançadas de neuroimagem funcional (fMRI), permitindo observar de maneira objetiva como padrões emocionais e sociais se refletem diretamente no funcionamento cerebral.
Os biocomportamentos humanos são todos dependentes do componente neurológico e se desenvolvem em resposta à qualidade da atenção afetiva dos pais biológicos, descreve o estudo. Essa afirmação reforça a ideia de que os vínculos primários estabelecidos entre pais e filhos não têm apenas importância psicológica, mas também neurológica e biológica.
Quando há negligência, abuso ou ausência de estímulo afetivo consistente, a criança pode apresentar déficits na regulação emocional, dificuldades cognitivas, prejuízos nas relações interpessoais e até distorções na percepção de valores sociais e familiares.
A pesquisa também chama atenção para a relação entre experiências adversas na infância e o desenvolvimento de transtornos mentais e sociais na vida adulta. Segundo o estudo, a presença de quatro ou mais dessas experiências (que incluem abuso físico, emocional, negligência e violência familiar) aumenta significativamente o risco de transtorno de estresse pós-traumático complexo, depressão, comportamentos de risco e até ciclos intergeracionais de trauma.
Ou seja, uma infância marcada por instabilidade emocional pode afetar não apenas o indivíduo, mas também as gerações seguintes, perpetuando padrões de adoecimento e disfunção familiar. Para os pesquisadores, a infância é um terreno sensível, em que cada experiência (positiva ou negativa) deixa marcas profundas no cérebro em desenvolvimento. A ciência mostra que investir em cuidados afetivos e protetores não é apenas um gesto de amor, mas uma medida de saúde pública e de prevenção social.