APÓS DESLIZAMENTOS

Viticultura gaúcha apresenta plano de recuperação

Projeto prevê capacitação e manejo florestal para a restauração da atividade em áreas atingidas por deslizamentos de terra na Serra

Viticultura gaúcha apresenta plano de recuperação
Foto: Andréia Copini / Divulgação / Prefeitura de Caxias do Sul / CP

Em resposta aos deslizamentos de terra na Serra Gaúcha, ocorridos no mês de maio, um plano de Transferência de Tecnologias começará a ser desenvolvido a partir de janeiro voltado à viticultura.

De acordo com o pesquisador da Embrapa e coordenador da Câmara Setorial da Uva e do Vinho da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Adeliano Cargnin, a iniciativa envolverá ações de médio prazo, compreendendo capacitações e treinamentos para boas práticas agrícolas e a restauração e manejo florestal com foco em áreas de riscos.

A execução do programa envolverá entidades privadas e públicas, para garantir a sustentabilidade nas áreas de risco e impactadas pelo grande volume de chuvas ocorrido no Rio Grande do Sul. Cargnin afirma que foram contabilizados pelo menos 674 deslizamentos em uma área de aproximadamente 1.250 hectares na Serra Gaúcha.

“Muitas ações estão em andamento. Vamos montar um plano coordenado de capacitações, treinamentos e divulgação de técnicas que possam ser adotadas pelos produtores. Algumas são recomendadas há muito tempo”, disse Cargnin.

Além de produtores, o plano de capacitação contemplará técnicos e operários para identificar áreas de riscos na abertura de novas estradas. “Vamos retomar e aplicar técnicas agronômicas que são usadas há anos e caíram no esquecimento”, destaca. O plano coordenado iniciará pelas unidades da Embrapa, Emater-Ascar/RS e outras instituições parceiras.

O titular da Associação da Comissão Interestadual da Uva (ACIU), Cedenir Postal, afirma que 300 hectares de vinhedos foram destruídos com as intensas chuvas de maio.

“Muitos produtores estão se recuperando por conta própria. Colocaram máquinas e estão refazendo (vinhedos), mas não vão produzir esse ano. Demora de dois a três anos para as parreiras começarem a produzir, mas o agricultor não sabe esperar e não pode esperar. É o seu ganha-pão”, enfatiza.

Postal complementa que as áreas de cultivo são pequenas, em média, de quatro a cinco hectares. “Então se foi perdido meio hectare é significativo. Tem que fazer a recomposição desses vinhedos”, aponta, complementando que, em alguns casos, os deslizamentos levaram toda a camada de terra, restando somente as rochas.

Como medida mais imediata, Postal defende a necessidade da criação de um sistema de alertas para quando houver a possibilidade de ocorrer eventos como os de maio para que os agricultores possam sair a tempo das áreas de riscos para outras seguras preservando suas vidas. “Claro que os prejuízos nas lavouras e parreirais são grandes, mas a vida humana não tem volta”, disse.

Com informações de O Correio do Povo