A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a maioria dos produtos brasileiros importados, entrou em vigor na última quarta-feira (6). A medida, que já havia sido anunciada no dia 9 de julho, foi justificada como uma ação de “emergência econômica” para proteger a indústria americana. Além disso, ela busca conter o que o republicano chamou de “caça às bruxas” ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além das capitais e grandes metrópoles brasileiras serem diretamente afetadas pela decisão, os municípios também vão sofrer com a sanção. Em Farroupilha, o Secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Eduardo Stockmanns Henz, avaliou quais setores devem ser os mais prejudicados.
“As tarifas dos Estados Unidos impactaram diretamente setores muito importantes da nossa cidade, como metalurgia, plásticos e móveis. Para apoiar as empresas, estamos sempre de olho em possíveis benefícios. O governo estatal liberou crédito emergencial de R$ 100 milhões via BRDE, com juros mais baixos, cerca de 8%, e com carência. Além disso, também tem um estudo que o governo do Rio Grande do Sul está fazendo, para liberação de até R$ 400 milhões de crédito em ICM”, explicou Henz.
O secretário ainda divulgou dados do município em 2024, com relação as exportações realizadas aos Estados Unidos.
“Em 2024, as exportações do município fecharam em R$ 475 milhões, o equivalente a 10% do nosso PIB. Deste total, 25% foram destinados aos Estados Unidos, cerca de 2,5% do PIB de forma bruta, mas a gente tem uma análise que esse número pode ser maior devido ao impacto indireto das exportações com serviços, transportes e manufaturas”, explicou.
Decisão baseada em fake news
Apesar de ser incisivo em suas declarações, a decisão de Trump se apoia em informações incorretas: ele afirmou que os Estados Unidos acumulam um “grande déficit comercial” com o Brasil, o que não condiz com os dados oficiais. Em 2024, os EUA tiveram superávit de aproximadamente US$ 7 bilhões na balança comercial com o Brasil. A fake news gerou críticas imediatas de analistas e diplomatas brasileiros.
Quase 700 produtos não serão taxados
Cerca de 694 produtos brasileiros foram isentos da tarifa, incluindo aeronaves e peças da Embraer, suco de laranja, minério de ferro, ferro-gusa, petróleo bruto, castanhas-do-pará e celulose. Segundo estimativas, isso representa 44% do valor total das exportações brasileiras para os EUA em 2024.
Por outro lado, produtos de peso como carne bovina, café, frutas frescas, móveis e máquinas industriais não foram poupados, e agora enfrentam a nova alíquota. O impacto estimado no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de até 0,15 ponto percentual em 2025.
Atuação do governo Lula
Diante do tarifaço, o governo Lula adotou uma postura moderada, optando por abrir canais de negociação diplomática e acionando a Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil também estuda diversificar mercados, reforçando parcerias com China, Índia e o bloco do BRICS. Nos últimos dias, o presidente brasileiro descartou ligar para Trump para uma negociação. “Não vou me humilhar”, disparou Lula.
Impacto no Rio Grande do Sul
Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o Estado é o segundo mais afetado, atrás apenas de São Paulo. Cerca de 85% dos produtos industrializados gaúchos serão taxados, afetando mais de 1.100 empresas exportadoras e colocando em risco 140 mil empregos.