Caxias do Sul

Serviço de atendimento multidisciplinar para crianças com autismo completa seis meses, em Caxias do Sul

Centro de Autismo oferece, por meio do SUS, atividades de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e serviço social

Atendimentos do Centro de Autismo completam seis meses em Caxias do Sul
Foto: Luca Roth/Grupo RSCOM


O Ministério da Saúde define o transtorno do espectro autista (TEA) como um distúrbio do neurodesenvolvimento, caracterizado, principalmente, por um desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, e padrões de comportamentos repetitivos. Os sinais já podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, e o diagnóstico, emitido por volta dos dois a três anos de idade.

Em Caxias do Sul, 80 crianças, de um a oito anos, frequentam o Centro de Autismo, que completou seis meses de funcionamento recentemente. O serviço tem o intuito de proporcionar tratamento à primeira infância com atendimentos de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e serviço social. Até então inédito no município, o Centro realiza os encaminhamentos através do Sistema Único de Saúde (SUS).

A secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi, evidencia a importância do autismo ser tratado com ferramentas multidisciplinares, especialmente desde a infância, período em que ocorre o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais.

“A gente fala de um transtorno que, muito embora tenha uma incidência muito grande na nossa sociedade, por muitos anos ele foi menosprezado. Tratado de forma isolada, como casos raros. Então, este olhar sobre o diagnóstico apurado, sobre a necessidade de uma intervenção multidisciplinar, e não apenas médica, é o que nos leva ir buscar essas alternativas”, pontuou.

Para que esses cuidados aconteçam na prática, o local conta com espaços para estimulação motora, lógica e sensorial, além de áreas para brincadeiras e descanso.

 

De acordo com a secretária, os atendimentos se dão em grupo ou individualmente, sempre na presença dos familiares. A criança, então, segue um cronograma de atividades, chamado de plano terapêutico, que é elaborado por uma equipe multiprofissional quando a pessoa ingressa no serviço. Neste planejamento, são detalhadas as necessidades de intervenção que a criança precisa.

“Ela precisa de psicoterapia, precisa de fono, precisa de serviço social […] Dentro desse plano terapêutico, que é individualizado, é que se encaixa a criança nas agendas, que em alguns momentos vão ser individuais e, na maioria dos momentos vão ser em grupos, justamente para reforçar e fortalecer a questão da convivência”, explicou a chefe da pasta da saúde.

Os atendimentos ocorrem, normalmente, de duas a três vezes por semana, com duração de até duas horas. O período em que a criança com TEA fica vinculada ao Centro é de um ano. Mesmo após este ciclo, Daniele relata que a família do usuário continua ligada ao serviço por mais um período de igual tempo, com o objetivo de continuar recebendo orientações. Ela adiantou que a expectativa é poder aumentar o tempo de atendimento para 18 meses.

A coordenadora do serviço, Denise Igansi, conhece cada canto do Centro de Autismo, e tem um brilho no olho ao falar sobre o dia a dia com os pequenos. Ela e mais 15 profissionais integram a equipe, que é disponibilizada pelo Hospital Círculo, através de convênio com a Prefeitura.

“O dia a dia é muito desafiador. Nós vemos muitas evoluções, mas também algumas dificuldades, como todo trabalho. Mas, resultando sempre no benefício dessas famílias e qualidade delas, que nos deixam muito felizes como profissionais”, afirmou Denise.

Ao ser perguntada sobre o que mais a deixa feliz prestando esse serviço, ela se emocionou.

“Tem coisas que vão além do trabalho, que vão além da técnica. O trabalho com o autista precisa de conhecimento, mas ele tem que ter muita sensibilidade e amor envolvido”, disse.

As vagas do Centro de Autismo de Caxias do Sul, no momento, estão todas ocupadas. 96 crianças já passaram por lá nestes seis meses. A secretária da Saúde estima, apesar dos dados serem escassos, que cerca de 9 mil crianças tenham algum grau de autismo no município. É possível entrar na fila de espera por meio de atendimento e diagnóstico emitido por uma Únidade Básica de Saúde (UBS).