Há pelo menos três anos o cenário no Rio Grande do Sul tem se repetido: baixas chuvas e mudanças climáticas. Tudo isso tem relação direta com o fenômeno La Ninã, que provoca seca na região Sul do Brasil. Em Caxias do Sul, por exemplo, desde setembro a cidade tem registrado precipitações abaixo da média histórica. No mês janeiro foram apenas 46,2mm, número 72% abaixo do esperado para o período (170mm), conforme dados do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae).
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Com pouca chuva, os olhos se voltam ao agro. Sejam nos cultivos de animais, como aves e bovinos, ou até mesmo nas plantações de grãos e frutas. Mesmo assim, até o momento, as perdas da agricultura na Serra Gaúcha são poucas, se concentrando em pontos isolados da região.
“Em alguns locais temos chuvas que foram suficientes para o desenvolvimento das culturas, como é o exemplo dos Campos de Cima da Serra, onde foram mais regulares e não foi muito atingido. Ao passo que temos algumas regiões que foram mais afetadas como Nova Prata e Serafina Corrêa“, destaca a Gerente Regional da Emater/RS-Ascar, Sandra Dalmina.
Conforme a entidade, os municípios de André da Rocha, Parai, São Jorge, Guabiju, Nova Prata, Nova Bassano, Nova Araçá, além de Vista Alegre do Prata, Serafina Corrêa, União da Serra e Montauri foram os mais afetados dentre as 49 cidades que compõe a Serra, os Campos de Cima da Serra e Região das Hortênsias.
A Gerente Regional da Emater também frisou que neste período em 2022 os números de decretos de situações de emergência devido a seca eram maiores. “Hoje estamos um pouco mais cautelosos para decretar emergência na nossa cidade, creio que o cenário é mais positivo porque a tendência agora é que o clima vá normalizando”, finalizou.
Perdas pontuais na agricultura e auxílio
Nos cultivos de milho em grão, a expectativa inicial da Emater é de redução de 10%, com estimativa de colher 7.200kg/há. No milho silagem é esperada uma redução de 18%. Com isso, também se espera que as chuvas retornem nos próximos dias.
A soja, um dos principais grãos cultivados no Rio Grande do Sul e responsável por grande parte das exportações do agro gaúcho, também deve ter retração no que será colhido em 2023. Com área plantada de 249 mil/há, sendo 80% nos Campos de Cima da Serra, a expectativa é colher 3,5 mil kg/há.
Já entre as frutas, uma das grandes preocupações é com a uva, dos principais produtos da região. “Temos apurado em torno de 10% de perda, porém, tem que se levar em consideração que a estiagem não é o único fator”, apresenta a gerente regional da Emater. Conforme ela, as geadas tardias, o frio e a humidade tardia complementam as perdas. Normalmente são colhidas 780 mil toneladas.
Mesmo assim, a entidade ainda espera que as chuvas se normalizem nos próximos dias para que o cenário não piore e quase grandes perdas aos agricultores da Serra Gaúcha.