Imagine o impacto de perder sua casa, seus pertences e, ainda mais doloroso, entes queridos em uma inundação devastadora. Infelizmente, essa foi a realidade enfrentada por muitas famílias no Vale do Taquari e na Serra Gaúcha no início de setembro. A tragédia das enchentes deixou cicatrizes profundas, mas também trouxe à tona o poder da solidariedade e do apoio mútuo.
Na Serra Gaúcha, um grupo de mais de 20 psicólogos, liderado pela psicóloga Francielle Sassi, residente em Bento Gonçalves, se uniu em uma mobilização emergencial logo após o início dessa jornada de dor no Rio Grande do Sul. Este time é formado por profissionais vindos de diferentes cidades da região, incluindo Bento Gonçalves e Garibaldi, e eles têm trabalhado incansavelmente para atender às necessidades de municípios como Muçum e Roca Sales, que enfrentaram algumas das piores consequências do Ciclone Extratropical.
O propósito desses voluntários é claro: eles estão aqui para aliviar o estresse e oferecer apoio amoroso a todos aqueles que foram afetados por essa tragédia. Eles entendem que cada pessoa tem sua própria história e luta, e estão comprometidos em respeitar a individualidade e dignidade de cada um.
Franciele compartilha a inspiração por trás dessa iniciativa solidária: “Profissionais com treinamento específico começaram a se perguntar: por que não nos unirmos e oferecer ajuda psicológica onde ela é mais necessária? Assim, nasceu o grupo, inicialmente com cinco psicólogos voluntários. Mas, logo, a ideia foi crescendo e, hoje, contamos com mais de 20 psicólogos da região”.
Ela também destaca como é relevante abordar a saúde mental, especialmente agora que estamos em setembro, o mês do Setembro Amarelo, dedicado à prevenção do suicídio: “Mesmo aqueles que não experimentaram perdas diretas se solidarizam, pois a empatia e o senso de comunidade são intrínsecos ao ser humano.”
A atuação desses voluntários é um exemplo impressionante de como a solidariedade pode ser uma força poderosa em tempos de crise. “As perdas coletivas geram um luto compartilhado”, diz Franciele. “A ajuda dos voluntários tem sido excepcional desde o início, pois esse senso de pertencimento é o que permite às pessoas reconstruírem suas vidas.”
Neste momento de reconstrução, os psicólogos voluntários desempenham um papel fundamental ao empoderar as pessoas e oferecer apoio emocional. Franciele enfatiza a importância de buscar ajuda e aceitar a assistência oferecida: “O caminho à frente pode ser longo e desafiador, mas se torna mais suportável quando percorrido junto com o apoio adequado.”
Além disso, esse grupo de voluntários planeja continuar oferecendo assistência às comunidades afetadas nos próximos três meses, garantindo apoio contínuo durante o processo de recuperação.
O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) desempenhou um papel crucial na mobilização desse grupo de psicólogos. Com base em experiências anteriores em situações de emergência, o CRPRS forneceu orientações essenciais para a atuação em situações de desastre. Essa colaboração destaca o compromisso da categoria em fornecer serviços voluntários às pessoas em momentos difíceis.
Francielle também enfatiza a importância de equilibrar o trabalho físico na reconstrução das cidades com o apoio emocional: “É fundamental entender que o trabalho prático na reconstrução das comunidades deve andar lado a lado com o cuidado emocional. A recuperação não se resume apenas a reconstruir casas, mas também a ajudar as pessoas a reconstruírem suas vidas e encontrar esperança novamente.” Mais informações sobre o grupo, podem ser obtidas nas redes sociais, da psicóloga.
As chuvas intensas causaram enchentes e estragos em dezenas de cidades gaúchas, resultando em 48 mortes no Rio Grande do Sul, com 10 pessoas ainda desaparecidas e centenas de municípios afetados.
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