Osmir Rodrigues dos Santos, 67 anos, que havia sido sequestrado no dia 27 de agosto no Vale Aurora, em Bento Gonçalves, foi resgatado por agentes da Polícia Civil no domingo (8) em Osório, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A companheira dele, de 56 anos, que também havia sido vítima dos criminosos, foi encontrada por vizinhos no dia do sequestro. Ela estava caída em uma ribanceira fugindo da própria residência após ser mantida o dia todo em cárcere privado.
De acordo com informações da Polícia Civil, desde as primeiras investigações, a principal suspeita de orquestrar o sequestro era a própria filha do casal, de 38 anos. Segundo as autoridades, a mentora do crime recebeu, em casa, três homens que sequestraram Osmir à força de dentro do quarto e pra fora da residência. Enquanto isso, a suspeita segurava a mãe trancada dentro de casa para ela não intervir na situação. A mulher fugiu ao final do dia.
Após juntar provas e solicitar a prisão temporária da investigada, a Polícia Civil prendeu a sequestradora no dia 31 de agosto. Mesmo presa, ela não colaborou com as investigações. A equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves continuou com o trabalho investigativo de forma diuturna. Após 12 dias ininterruptos de trabalho, no último sábado (07), os policiais descobriram que Osmir havia sido internado de forma compulsória em uma clínica para recuperação de dependentes químicos em Osório.
Ainda conforme a polícia, essa descoberta chamou atenção, pois não se tinha nenhuma informação ou vestígio de que a vítima fosse usuária de drogas. O que se sabia era que ele trabalhava durante o dia todo e a noite, social e esporadicamente, tomava algum tipo de bebida antes do jantar. Os policiais apuraram que a enteada de Osmir planejou uma internação forçada dele e, para tanto, contratou pessoas, denominadas “captadores”, cuja atividade é voltada para realizar a condução de pessoas indicadas por algum familiar até alguma clínica que aceite tal paciente.
A suspeita, desde o dia 25 de agosto, dois dias antes do fato, manteve tratativas com esse grupo e contratou-os para conduzir seu padrasto de forma involuntária. Os “captadores” contratados foram a Bento Gonçalves na madrugada do dia 27, ingressaram na residência, em conluio com suspeita, entraram no quarto de Osmir, o imobilizaram, amarraram suas mãos e arrastaram-no até dentro de um veículo. Por fim, o conduziram amarrado até uma clínica de recuperação de dependentes químicos em Osório.
Diante dos indicativos contundentes de sequestro e do possível destino da vítima, os policiais resgataram Osmir na manhã do domingo (8). A internação, segundo a Polícia Civil, não atendia aos preceitos legais, visto que não havia voluntariedade do paciente Osmir, nem encaminhamento médico e muito menos ordem judicial para internação, razão pela qual a vítima foi resgatada e entregue à família.
A suspeita permanece presa pelos crimes de sequestro e cárcere privado contra a própria mãe e o padrasto. A investigação segue para identificar os demais suspeitos e as condutas dos responsáveis pela clínica.