Caxias do Sul observou o número de homicídios registrados este ano saltar de 8 para 13 na noite desta segunda-feira (15). Das 19h às 22h, quatro homens e uma mulher, que teve o corpo encontrado apenas na manhã da terça, foram mortos a tiros em diferentes regiões da cidade. Nessas três primeiras semanas de 2024, mais pessoas foram assassinadas do que em todo o mês de janeiro de 2023, período em que houve 12 casos.
De acordo com o delegado regional interino, Rodrigo Kegler Duarte, a Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) está apurando os eventos para saber se há relação entre eles. A constatação preliminar, segundo ele, é que o pano de fundo são as facções criminosas e o tráfico de drogas. O certo é que “todo desacerto envolvendo confronto bélico entre organizações criminosas tem um motivo”.
“Vamos trabalhar para o levantamento da autoria, conseguir elementos suficientes para comprovar essa tese, e levar a responsabilização não só aos executores diretos como também à cadeia de comando, identificando a facção responsável pela ordem, os responsáveis, os mandantes. A liderança também vai ser responsabilizada pelos casos cometidos ontem”, aponta o agente.
O primeiro assassinato ocorreu por volta das 19h, em um matagal no Cristo Redentor, próximo a BR-116, onde foi encontrado, já sem vida, Diego Soares dos Santos, de 32 anos.
Um pouco mais tarde, por volta das 20h, um tiroteio na Rua Martins Neves da Rocha, no Loteamento Parque Verde, provocou a morte de Augusto César Silva, 22. Em resposta a este crime, João Vítor de Carvalho Oliveira, 21, acabou alvejado e morto em confronto com a Brigada Militar (BM) na Rua Joaquim Telles de Oliveira. Ainda nesta ocorrência, um adolescente, 15, e uma mulher, 44, terminaram baleados; um homem, 27, foi preso, e outro fugiu; e uma arma de fogo de calibre compatível com as utilizadas em outros casos, foi apreendida – o que é um indício considerado importante para as investigações.
A última vítima da noite foi Henrique Turossi Silva, 41, que estava chegando em casa, na Rua Luiza Mondin Bedin, no Primeiro de Maio, por volta das 21h50min, quando foi executado. Entra para esta conta, também, uma mulher, ainda não identificada, que foi morta a tiros na localidade de Santo Antônio da 6º Légua. Moradores relatam terem ouvido disparos por volta das 21h de ontem, no entanto, o corpo da vítima foi achado somente às 8h de hoje.
“Essa situação, como estamos tendo no início deste ano, indica que há uma rusga envolvendo organizações (criminosas). Então, não é uma violência genérica, espalhada, que possa, de uma forma geral, estar direcionada contra todo e qualquer cidadão caxiense. Geralmente, esses casos são praticados em desfavor de pessoas que têm ou tiveram relações com organizações criminosas”, explica o delegado Kegler.
Furto, tráfico de drogas, ameaça, porte ilegal de arma de fogo e roubo de veículo são alguns dos registros policiais acumulados pelas vítimas – com exceção da mulher em que a identidade ainda é apurada -, de acordo com a BM.
O delegado regional reforça que o foco da Polícia Civil está na responsabilização dos mandantes dos homicídios, que estariam situados dentro do próprio sistema prisional. Kegler disse que há a possibilidade, caso comprovados os apontamentos, que lideranças sejam transferidas para cadeias de fora de Caxias ou até federais.
“Trabalhamos para responsabilizar concretamente os mandantes e os executores diretos. Os mandantes, principalmente, porque a cadeia de comando vem de lá. Então, estamos adotando essa alternativa para que essas pessoas, embora presas, também paguem de outra forma por essas ordens que acabam dando esse reflexo tão negativo à comunidade caxiense”, acrescenta.
Kegler ainda relatou que, amanhã (17), uma reunião entre a Delegacia Regional, o Departamento de Polícia do Interior e a administração da Secretaria Estadual de Segurança Pública deve discutir a possibilidade do aumento de efetivo da DPHPP a fim de agilizar os trabalhos investigativos.
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