INVESTIGAÇÃO

Nove são presos por esquema que falsificava cigarros e faturava R$ 300 mil por dia no RS

O inquérito apurou que eram produzidas em torno de 300 caixas, cada uma com 50 pacotes, num total de 150 mil maços diariamente

Nove são presos por esquema que falsificava cigarros e faturava R$ 300 mil por dia no RS
Divulgação; Polícia Civil

Em ação conjunta, a Delegacia de Polícia Regional de Santa Maria e o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) desarticularam, nesta quarta-feira (22), um esquema considerado milionário de falsificação de cigarros no estado. Nove pessoas foram presas durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em uma propriedade rural situada na ERS-348, na localidade de Porto Alves, em Agudo, na região Central.

A ação policial ainda resultou na apreensão de grande quantidade de maços de cigarros ilegais, além de máquinas e insumos, como tabaco triturado, filtros e embalagens de carteiras de cigarro de marcas do Paraguai e do Brasil. Segundo a polícia, todo o material era utilizado na produção clandestina.

Após a abordagem policial, técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) realizaram a coleta de elementos para a investigação. Os peritos constataram que os equipamentos estavam em pleno funcionamento. Com isso, ocorreu a documentação de toda a cadeia de produção industrial dos produtos ilegais, desde a fase inicial, consistente no corte dos filtros e do papel, com posterior introdução do tabaco triturado para a confecção dos cigarros, passando pela fase final de embalagem em maços e pacotes. O produto era acondicionado em caixas de papelão, cada uma com 50 pacotes.

Investigação

Segundo os delegados de Sandro Meinerz (3ªDPRI/Santa Maria) e Alencar Carraro (Denarc), a investigação criminal teve duração de aproximadamente três meses. Esse foi o tempo necessário para a localização da fábrica clandestina de cigarros em Agudo, sendo possível constatar que estava em funcionamento por cerca de dois anos.

O inquérito apurou que eram produzidas em torno de 300 caixas, cada uma com 50 pacotes, num total de 150 mil maços diariamente. No mercado clandestino, cada caixa é vendida por cerca de mil reais. A estimativa da polícia é de que os falsificadores faturavam cerca de R$ 300 mil por dia.

A investigação criminal ainda apontou indícios de que a produção de cigarros guarda relação com o tráfico de drogas. Isso porque uma organização criminosa com atuação na zona sul do Estado estaria produzindo cigarros ilegais na Região Central, mais especificamente em Agudo.

Além do fornecimento de drogas, os criminosos estariam estendendo os negócios ilícitos para, também, distribuir cigarros produzidos ilegalmente tanto para a zona sul do Estado quanto para a Central. Agudo foi escolhida para sede da facção ela facilidade de utilização das rodovias para escoamento da produção ilícita, em face da privilegiada localização do município no mapa do Estado.

Ainda conforme informações coletadas no local, a fábrica ilegal de cigarros utilizava como fachada, uma empresa de arroz com sede em São Borja. Devido a isso, a polícia trabalha também com o indicativo de que a quadrilha praticava estelionatos contra os produtores da região por meio da compra fraudulenta de arroz.

Alerta

Os delegados destacam que fábricas clandestinas de cigarros evidenciam uma logística engenhosa das organizações criminosas, que geralmente optam por locais situados em área rural, porém, com facilidade ao acesso a matérias primas, especialmente o tabaco, o qual é cultivado em larga escala em nosso Estado.

Desta forma, verifica-se que, até mesmo pela ampliação do combate ao contrabando de cigarros vindos do Paraguai, as facções optaram por fixar empresas clandestinas de modo a produzir cigarros ilegais em território nacional, facilitando o escoamento da produção, por rotas diversas daquelas utilizadas pelos contrabandistas, aumentando ainda mais os lucros da atividade ilícita.