Política

Na ONU, Lula cita 735 milhões de pessoas com fome no mundo, fala da desigualdade social e debate sobre questões climáticas

Presidente brasileiro abriu os debates na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas

LULA
Foto: Redes Sociais/Lula


Levando como pauta temas voltados à desigualdade, fome e clima, o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Sila (PT), discursou na abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada na manhã desta terça-feira (19), em Nova York.

Quem abriu a cerimônia nos Estados Unidos foi o secretário-geral da ONU, António Guterres, onde foi incisivo em sua fala sobre a necessidade de ajuda para os atingidos na Líbia pelas chuvas, onde mais de 11,3 mil pessoas morreram. Depois, o presidente da Assembleia Geral, o diplomata Dennis Francis, de Trinidad e Tobago também falou.

Lula, que 20 anos após seu primeiro discurso, abriu o evento novamente em sua fase de debates, ressaltou que o Brasil está de volta ao cenário de combate aos principais problemas globais.

“Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade, reafirmando o que disse em 2003”, iniciou.

Questões apontadas no início da fala foram a redução da fome, onde segundo ele 735 milhões de pessoas passam por este problema no mundo atualmente. Este já havia sido seu principal ponto no discurso de duas décadas atrás:

“A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, disse.

Durante os 22 minutos que esteve na tribuna, usou uma fala mais enfática ao falar de “aventureiros da extrema direita”.

“Em meio aos escombros do neoliberalismo, surgem aventureiros de extrema direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”.

Outro tema debatido foi quanto ao Conselho de Segurança da ONU, do qual julgou haver uma paralisia e que devem ser realizadas reformas incluindo novos países:

“O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade. Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia”, disse o líder brasileiro.

A desigualdade social no planeta atualmente é amplamente discutida, e Lula exemplificou que no Brasil existem políticas que buscam dar dignidade às pessoas. Um exemplo é que neste ano foi aprovada a lei que obriga o pagamento igual para homens e mulheres que cumprem as mesmas funções. O Bolsa Família e Brasil sem Fome, programas de combate a desigualdade foram citados.

Dentro deste tema entrou o assunto climático, bastante aguardado por todos. Segundo o Chefe de Estado: “Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. Os países ricos cresceram baseados em um modelo com alta taxa de emissão de gases danosos ao clima”, que completou: “A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implantação do que já foi acordado”.

“A desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano. Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor”.

Depois de Lula, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden foi até o plenário e começou seu discurso. Os dois inclusive tem encontro marcado para esta quarta-feira (20). Eles devem lançar um documento chamado Coalizão Global pelo Trabalho, onde entre outros pontos vão defender a liberdade sindical, dar garantias aos trabalhadores de aplicativo entre outros.

Outro encontro será o de Lula e Volodymyr Zelensky. Os presidentes de Brasil e Ucrânia se reúnem após tentativas frustradas de unir os dois mandatários.