Ministério Público investiga suposta agressão de policial contra dois homens e uma mulher em Caxias do Sul

Na madrugada da última sexta-feira (12), por volta de 1h30, na área central de Caxias do Sul, no cruzamento das ruas Sinimbu e Marquês do Herval, houve uma confusão. Imagens de possíveis agressões de um policial militar contra três pessoas foram gravadas pelo morador de um prédio, localizado na região e encaminhadas ao Ministério Público.

De acordo com o boletim de ocorrência, que foi registrado pelo piloto da motocicleta no dia 15 de agosto, segunda-feira, ele e um amigo trafegavam com a moto pela Rua Sinimbu, na área central. Próximo ao Shopping Pratavieira o condutor de um veículo Vectra trocou de pista e abalroou na parte da frente da moto. Porém, ele não parou. No cruzamento seguinte, a moto e o carro ficaram lado a lado e o motorista do Vectra apontou uma pistola contra os motociclistas. Na esquina das ruas Sinimbu com Marquês do Herval, eles pararam. O motorista agrediu os dois motociclistas com tapas. Depois ordenou que deitassem no chão e lhes agrediu novamente.

Passavam algumas pessoas pela rua e uma mulher pediu para o indivíduo parar com as agressões. Ela também recebeu dois tapas no rosto. Sem se identificar, o indivíduo, sem se identificar, passou a consultar os dados da moto e do piloto. Ele ameaçou dizendo que sabia onde o homem morava e não era para levar a situação adiante. Ainda, ele teria ordenado que as outras pessoas ali presentes fossem embora.

No local, segundo o boletim de ocorrência, chegou uma viatura da Guarda Municipal e duas da Brigada Militar. Porém, os órgãos de segurança não tomaram providências. Ainda, o motorista do Vectra ligou para uma pessoa e minutos depois um Jeep Compass, de cor escura, chegou no endereço. Após essas agressões o motorista se apresentou como Policial Militar. A CNH do motociclista foi entregue para um dos policiais, de uma das viaturas que chegou posteriormente. O piloto da moto foi mandado embora que a ocorrência seria registrada apenas pelos policiais direto na Delegacia. O documento foi entregue para o piloto da moto no estacionamento da Delegacia.

Um vídeo, postado no youtube pela moradora que testemunhou os fatos, registra a partir do momento que o piloto da moto estava no chão sendo ameaçado pelo policial. As imagens tem 11 minutos e 35 segundos. As imagens mostram o homem de pé com uma arma na mão, os dois motociclistas no chão. Além da chegada de duas mulheres, uma delas leva dois tapas no rosto. Ainda ao final da imagem mostra uma viatura da Guarda Municipal e o vereador Alexandre Bortoluz, de Caxias do Sul.

Moradora grava vídeo, testemunha os fatos e torna-se a advogada de defesa da mulher

Mariana Klinger é a moradora do prédio, localizado na esquina das ruas, gravou as imagens. Ela acorda na madrugada, por volta de 1h30, com os gritos e barulhos de freagem de veículo. Ao olhar pela janela viu que um Vectra verde fechou a moto, jogou os dois ocupantes no chão. O motorista do carro ficou em pé armado, apontando para dois outros homens deitados no chão. O homem começa a agredi-los, com tapas e arrancou o capacete deles a chutes. Nas imagens, de acordo com Mariana, “dá pra ver” que o homem chuta a garganta de um dos homens deitados, o qual imediatamente leva a mão ao pescoço.

Uma mulher passava pela Praça Dante junto com a companheira, no momento das agressões e tenta auxiliar os homens que estavam no chão. Na conversa a mulher também acabou sendo agredida com dois tapas. Ela comenta ainda que antes de parar de gravar o vídeo e descer para se declarar como testemunha do fato, visualiza uma viatura da Guada Municipal chegando e a comenta sobre a presença do vereador Alexandre Bortoluz (Ela fala o nome dele no final do vídeo).

Mariana declara que o parlamentar chegou minutos antes e interviu no atendimento da Guarda Municipal. Após chegou a Brigada Militar, as testemunhas pediram se seria registrado um boletim de ocorrência, os policiais em serviço afirmaram que não, pois havia sido apenas um acidente com danos materiais e os envolvidos já tinham se resolvido. Neste momento ela apresentou o vídeo com as referidas agressões e perguntou se o homem estava ainda armado, se ele havia sido revistado. O PM respondeu que sim estava armado por se tratar de um colega.

A testemunha comenta que percebeu que o motorista do Vectra estava visivelmente transtornado e ele dizia que as pessoas a sua volta representavam uma ameaça para ele. Menos os policiais militares.

Mariana Klinger informa que não conhecia a sua cliente anteriormente. Ela abordou a vítima dos tapas perguntando se a polícia havia falado com ela, na negativa então Mariana entregou um cartão e se apresentou como advogada, com o desejo de representar a a mulher. A advogada já encaminhou o vídeo e a denúncia no Ministério Público, junto com imagens de todos os envolvidos na ocorrência, ainda na segunda-feira (15) saiu o despacho, encaminhando a ocorrência contra o policial para Porto Alegre. Sobre a acusação de prevaricação contra o vereador não houve respostas do MP.

Mariana Klinger conversou por telefone com a nossa reportagem. Confira a entrevista na íntegra.

Advogado de Defesa do Policial Militar

O policial militar acusado nesta ação está sendo representado pelos advogados Ivandro Bitencourt Feijó e Mauricio Adami Custódio.