Justiça

"Leandro é inocente", diz defesa de Boldrini no 4º dia de júri em Três Passos

reprodução TJ-RS
reprodução TJ-RS

O quarto dia do júri do caso Bernardo foi marcado pelos depoimentos das rés Graciele Uguline e Edelvâni Wirganovicz na parte de manhã. No período da tarde, foram designadas quatro horas aos promotores para pedir acusação dos réus e também para a defesa dos acusados, uma hora para cada advogado de defesa. A Sessão foi encerrada pouco depois da meia noite de quinta-feira (14), no Fórum de Três Passos. Esta sexta-feira (15) é o dia mais aguardado do julgamento, pois hoje será decida, em júri popular, a sentença dos acusados do assassinato do menino Bernardo. Antes da sentença, os promotores tem direito a réplica e a defesa de tréplica.

A acusação do Ministério Público (MP) trouxe fotos do corpo de Bernardo. Este foi um dos momentos mais impactantes no júri na tarde de quinta. No momento da exibição das fotos, o pai, Leandro Boldrini, se retirou da sala.

“O anjinho do Bernardo já estava podre”, afirmou o promotor Ederson Vieira aos jurados durante a exibição das fotografias do corpo de Bernardo, quando o debate ficou com um clima mais pesado.

Também foram expostas imagens de Graciele Ugulini comprando uma televisão, dito pelos promotores como álibi para encobrir o fato do homicídio. “Esta é a calma de quem recém assassinou seu enteado”, declarou o promotor Bruno Bonamente.

A acusação trouxe registros telefônicos de Leandro Boldrini com o objetivo de provar a falta de preocupação do médico com o desaparecimento do filho, em abril de 2014, e contrapor as afirmações do réu, que havia dito que fez uma “maratona de procura”. Eles também criticaram o fato do casal Leandro e Graciele terem ido a uma festa um dia depois de Bernardo desaparecer e do médico ter ido trabalhar normalmente. “Leandro e Graciele foram para uma festa de música eletrônica, pagaram R$ 60 em um camarote para comemorar a morte de Bernardo”, disse Ederson Vieira.

Ederson foi um dos promotores que disparou frases mais fortes se referindo aos réus, muitas vezes apontando para eles, e os chamando de “psicopatas sem compaixão”. O promotor também disse que a “monstruosidade” de Leandro e Graciele era maior do que a de Edelvânia e Evandro Wirganovicz, que também era “imensa”.

Ao final da explanação, Ederson pediu aos jurados que votassem pela acusação de Leandro Boldrini e dos demais réus. Olhando aos jurados ele falou: “vocês não vão deixar esse monstro ir ver o Bernardo. Ele não quer ver o pai”, afirmou o promotor.

Defesa

A primeira defesa foi feita pelo advogado Ezequiel Vetoretti, representante de Leandro Boldrini. Ele defendeu que a mídia criou o “monstro” na imagem de seu cliente. Em seguida, rebateu as acusações dos promotores afirmando que Leandro não sabia dos planos de Graciele em matar Bernardo e que “não era um bom pai, mas ele amava o filho”. Ao final da defesa, o advogado afirma, “Leandro é inocente”.

Em seguido o representante da ré, Graciele Ugulini, advogado Vanderlei Pompeo de Mattos. O advogado afirmou que Graciele é ré confessa, isentou Leandro do planejamento do homicídio e afirmou, “Eu defendo uma ré confessa mas não nos termos do MP”. O MP pede condenação por homicídio doloso, já o representante de Graciele manteve a versão da ré afirmando, “tudo não passou de um acidente”.

A defesa de Edelvânia Wirganovicz foi dividida entre seus dois advogados, Gustavo Nagelstein e Jean Severo. O advogado iniciou a defesa criticando os tramites do processo e a demora de cinco anos para este julgamente. Já seu colega protagonizou um dos momentos mais chamativos da noite. Após rasgar a denúncia do MP ele disse, “isso aqui é a denúncia do MP, mas pra mim é uma AK-47, uma pistola automática que detonou a vida de duas pessoas (Edelvânia e Evandro)”. Em seguida, ordenou que Edelvânia levantasse e se referiu a ela como “lixo”, em forma de crítica a como ela supostamente vem sendo tratada. A ré chorou, disse que errou, que queria pagar pelo seu crime e tentou inocentar o irmão Evandro. O advogado pediu a condenação dela por ocultação de cadáver, mas a absolvição do homicídio.

O último a falar foi Luiz Geraldo Gomes, advogado de Evandro Wirganovicz. “Esse processo está tapado de erros. Esse processo é um mar de equívocos”, disse o representante do réu. Durante sua fala, ele e disse Evandro era um “estranho no ninho” no caso e falou sobre o que considera ser uma falta de provas da participação do seu cliente na morte de Bernardo. De acordo com Gomes, não há elementos como interpretação telefônica ou imagens que liguem Evandro aos envolvidos, além da comprovação de que o réu tenha recebido dinheiro.