RISCO ESTRUTURAL

Laudo técnico aponta falhas construtivas e isenta moradores de sobrados interditados em Caxias do Sul

O relatório isenta os moradores, indicando que intervenções como o fechamento de sacadas não influenciaram o problema

Caxias do Sul - Laudo técnico foi apresentado na sede da Brothers Engenharia – Foto: Marcelo Oliveira / Grupo RSCOM
Caxias do Sul - Laudo técnico foi apresentado na sede da Brothers Engenharia – Foto: Marcelo Oliveira / Grupo RSCOM

Caxias do Sul - Na manhã desta segunda-feira (05), a Associação dos Moradores do Condomínio Residencial Jardim Vêneto apresentou um laudo técnico que revela falhas graves no projeto e na execução da obra causaram os danos estruturais e o risco de colapso nos sobrados da Rua Luiz Gaio, nº 38, no bairro De Zorzi II, em Caxias do Sul. A Brothers Engenharia, responsável pela avaliação técnica, sediou a apresentação do documento.

O relatório, portanto, isenta os moradores de qualquer responsabilidade pelo incidente, destacando que intervenções realizadas por eles — como o fechamento de sacadas e o uso de telhas de aluzinco — não tiveram, de fato, influência no problema.

Histórico do caso

O caso ganhou atenção na madrugada de 25 de março, quando o Corpo de Bombeiros retirou os moradores de 18 residências no bairro De Zorzi II, após o surgimento de rachaduras, o desabamento de paredes e estalos em alguns imóveis. As equipes evacuaram as famílias do local. A Defesa Civil realizou uma avaliação das condições estruturais, confirmando riscos de colapso iminente em algumas unidades.

Falhas estruturais detectadas no laudo

O laudo técnico revelou falhas graves na construção, destacando os seguintes problemas:

  • Falta de adensamento adequado do concreto;
  • Armaduras expostas e oxidadas;
  • Insuficiência de armaduras para garantir a estabilidade;
  • Fundações construídas sobre solo de baixa resistência, agravadas por chuvas fortes e vibrações de explosões em terrenos próximos.

Dessa forma, os problemas identificados no local são classificados como anomalias endógenas. Em outras palavras, tratam-se de falhas que se originam no próprio processo de construção, seja no planejamento do projeto, na execução das obras ou, ainda, na escolha inadequada dos materiais utilizados.

Ações judiciais e medidas de reparação

Com base no laudo técnico, a Associação dos Moradores, representada pelo advogado Luiz Gustavo Moreira de Mello, pretende, a partir de agora, ingressar com uma ação judicial. Nesse contexto, os principais objetivos são:

  • Romper contratos de financiamento com a Caixa Econômica Federal;
  • Solicitar a restituição dos valores pagos pelos imóveis, além de indenização pelos danos materiais e morais;
  • Responsabilizar a Prefeitura de Caxias do Sul pela liberação do Habite-se, apesar dos problemas estruturais evidentes.

O advogado também buscará responsabilizar o poder público pela negligência na fiscalização da obra e na emissão de documentos de segurança:

“O laudo é crucial para isentar os moradores de culpa, refutando a ideia de que o puxadinho seria a causa do problema. Vamos buscar romper o contrato com a Caixa Econômica, pedir a restituição e a indenização, além de investigar a responsabilidade da prefeitura na liberação do habite-se, conforme apontado no laudo”, afirmou o advogado Luiz Gustavo.

Riscos iminentes e medidas de segurança

Atualmente, os sobrados 1 a 3 do condomínio foram desocupados e, devido ao risco iminente de colapso, a recomendação é de demolição imediata dessas unidades. Por outro lado, as demais residências permanecem interditadas, aguardando novas avaliações técnicas.