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Inundação de 2024 afetou 747 espécies de animais no Rio Grande do Sul

Estudo indicou que 4.300 km² de ecossistemas nativos foram prejudicados

Foto: Agência Brasil/EBC
Foto: Agência Brasil/EBC

Um estudo realizado pelo Laboratório de Biologia da Conservação da UFFS – Campus Cerro Largo analisou os efeitos da enchente de maio de 2024 sobre a biodiversidade do Rio Grande do Sul. O artigo, intitulado “Quando as águas sobem: Biodiversidade potencialmente afetada por uma grande enchente no sul do Brasil”, indicou que 4.300 km² de ecossistemas nativos foram inundados e 747 espécies de animais foram impactadas.

A área comprometida inclui 1.200 km² de florestas e 1.020 km² de campos nativos. Além disso, ecossistemas aquáticos, áreas úmidas e vegetação costeira em solos arenosos também foram afetados. O espaço abrange os biomas Mata Atlântica e Pampa, que são os mais ameaçados no Brasil. De acordo com os pesquisadores, os ecossistemas nativos já estavam comprometidos. De 1985 a 2022, o Pampa brasileiro perdeu 32% da área natural, principalmente para a agricultura.

Animais mais afetados

A inundação atingiu uma parcela significativa da fauna nativa de animais tetrápodes. No total, foram 747 espécies, envolvendo 74 anfíbios, 88 répteis, 461 aves e 124 mamíferos. “Quando classificamos as espécies pela proporção da área afetada, a espécie potencialmente mais afetada foi o lagarto das dunas, que teve 25% de sua distribuição afetada pela inundação. Foi seguido pelo sapo de barriga vermelha, a cecília argentina e o tuco-tuco”, detalhou o estudo.

Preocupação com o clima

Os pesquisadores do Laboratório de Biologia da Conservação da UFFS – Campus Cerro Largo explicaram que, no Brasil, é esperado um aumento de 3 °C a 6 °C na temperatura até 2100. Na região sul do país, o resultado deve ser o aumento na precipitação, com até 35% a mais de chuva. 

“As mudanças climáticas não são mais uma preocupação futura, mas uma realidade urgente com consequências já em andamento. Os padrões climáticos alterados levaram a um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas, incêndios, chuvas extremas, inundações e deslizamentos de terra”, diz o artigo.