Bento Gonçalves

Instituto Cecília Meireles abre inscrições para curso de magistério em Bento Gonçalves

Imagem: Günther Schöler / Grupo RSCOM
Imagem: Günther Schöler / Grupo RSCOM

O curso que ensina a ensinar” é a melhor definição possível para falar sobre o curso de magistério do Instituto Estadual de Educação Cecília Meireles, de Bento Gonçalves. A formação é ofertada em duas modalidades, tanto médio diurno – que tem duração de três anos pois é paralelo ao ensino médio –, quanto na versão noturna, em um ano e meio, que é focado em pessoas que já se formaram na escola. Ao final, os graduandos estarão aptos a atuarem como professores da educação básica infantil e os primeiros cinco anos do ensino fundamental. Vale ressaltar que embora exista uma diferença de tempo para graduação nos dois cursos, as vivências e certificações são equivalentes.

Com uma carga horária de 800 horas divididas igualitariamente entre leituras de conceitos/técnicas e práticas, o curso prepara os alunos com as teorias mais utilizadas em sala de aula, metodologias para criar um conteúdo lúdico e didático, bem como proporciona o repasse de experiência das professoras que possuem carreiras de décadas dentro das escolas. Um dos maiores diferenciais do curso é o tempo de atividades práticas através de monitoria e estágios. São 400 horas de trabalho em turmas de diversas idades.

Imagem: Günther Schöler / Grupo RSCOM

A equipe de jornalismo do Grupo RSCOM esteve no Instituto Cecília Meireles para conversar com as docentes do curso e entender como funciona esta formação que atualmente vive um dilema. Enquanto a procura por magistérios da educação básica é altíssima e não faltam oportunidades, ao mesmo tempo, ano após ano as turmas têm diminuído. Quem afirma isso é Solange Marlize Lazzari, que atua como coordenadora.

Nós temos o curso diurno que é a nível de ensino médio que é ensino médio junto com as didáticas ao final de três anos ele tem a formação mais um estágio e temos também o curso noturno que é aproveitamento de estudos um ano e meio de didáticas e mais um estágio. (…) É um curso que forma professores a nível de ensino médio onde oferece 800 horas de práticas de ensino. Durante o curso são 400 horas mais ou em estágio. É o curso onde se ensina a ensinar.” Frisou.

A professora Denise Grehs, de 52 anos, foi aluna do curso de magistério em Porto Alegre. Ela já havia finalizado o Ensino Médio, mas percebeu que para seguir carreira na área da educação, seria necessário buscar experiências e conteúdos além da faculdade de pedagogia. As possibilidades práticas são muito amplas ao longo da formação, uma vez que o estágio é de seis meses, enquanto no bacharelado são algumas semanas.

Quando perguntada sobre a diferença de ter ou não realizado o curso ela afirmou “que tem muita diferença porque eu fiz o curso normal depois de ter feito o ensino médio. Eu fiz o ensino médio e logo que eu terminei, vi que eu tinha que ser professora. Aí eu fui fazer um aproveitamento de estudos que nem aqui, um [curso de um] ano e meio e eu já estava cursando pedagogia. Então eu fiz esse curso pela necessidade que o curso normal tem de diferente. Não é a mesma coisa que a pedagogia. Tanto que eu fiz estágio do normal um semestre e pedagogia foram 15 dias, então eu aprendi muito nessa minha caminhada no curso” destacou a educadora.

Desvalorização da classe e do curso causa baixa procura mesmo com alta demanda de profissionais

Embora seja um curso que forma profissionais para um mercado de alta demanda, ao longo da última década, a equipe do Instituto Cecília Meireles tem percebido que a quantidade de alunos interessados na carreira cai ano após ano. Houve um tempo onde era normal que lá estivessem três turmas simultâneas nos dois períodos. Hoje em dia, ter 20 novas pessoas graduando é motivo de celebração.

A fim de comparação, 20 novos matriculados representam apenas 20% do total de vagas para o cargo de professores da educação infantil que recentemente abriram através de edital em Bento Gonçalves. No processo estão abertas 459 vagas para diversos cargos como professores da educação infantil, ensino fundamental, monitores, pedagogos, docentes para uma série de disciplinas e outros. 

Um dos pontos que causava desinteresse dos alunos era em relação as exigências práticas. A alguns anos, o estágio não era remunerado e por conta disso causava prejuízo aos alunos. Por consequência, muitos não davam seguimento no curso. Felizmente, em recentes reuniões entre a diretoria do Instituto Cecília Meireles e órgãos da educação, o período de estudos práticos, em breve, será remunerado.

Apesar de todos os empecilhos já conhecidos que a carreira de professor(a) da educação básica, existe um sentimento unânime entre todas as docentes do Cecília Meireles que conversaram com o Grupo RSCOM. Amor a profissão. Por conta disso, elas, diversas vezes, lutaram pela manutenção do ensino médio que cria professores. Fizeram todo possível para manter o “curso que ensina a ensinar”.

As inscrições seguem até o próximo dia 28 e, para obter mais informações, basta entrar em contato com o Instituto Cecília Meireles através do telefone (54)3452-1014.