Uma audiência pública reuniu, na tarde desta quinta-feira (9), Secretaria da Saúde, Conselho e representantes de hospitais e instituições filantrópicas, na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, para discutir o serviço de saúde prestado ao município e às outras 48 cidades atendidas na Serra Gaúcha. Demandas relacionadas a falta de recursos e de médicos, expansões estruturais, ampliação de leitos e mobilização por investimentos estiveram em pauta no encontro, que foi promovido pela Comissão de Saúde do Legislativo.
A secretária da Saúde, Daniele Meneguzzi, divulgou que a taxa de ocupação de leitos está na faixa dos 90%, e que há um déficit de R$59 milhões no Teto Mac. Por outro lado, ela ressaltou que foram realizados mais de oito milhões de atendimentos SUS pelo município em 2022, sendo 200 mil apenas no âmbito ambulatorial de média e alta complexidade por mês. Daniele entende que as demandas da saúde “são infinitas”.
“Na medida em que os serviços são ampliados, eles já não dão conta no seu nascimento. Isso pela complexidade das doenças, pelo aumento da expectativa de vida. O que levamos dessa audiência é um compromisso ainda mais forte do município capitanear busca por novos recursos. […] O desafio está em fortalecer este sistema para que dê conta da demanda e, ao mesmo tempo, trabalhar com a população ações preventivas”, destacou a secretária após a reunião.
Estiveram presentes representantes do Hospital Geral, Hospital Virvi Ramos e Hospital Pompéia, que reforçaram os serviços prestados e dificuldades enfrentadas, especialmente, por falta de recursos. O diretor-geral do HG, Sandro Junqueira, fez um retrospecto do processo de expansão da unidade, que, segundo ele, é a maior obra de assistência 100% SUS sendo construída na Serra Gaúcha. Também informou que uma reunião será realizada, na próxima quarta-feira (15), entre o Governo do Estado do RS e a Prefeitura de Caxias do Sul, na 5ª Coordenadoria Regional da Saúde, com o objetivo de levantar recursos para custear a ampliação do HG, que vai possibilitar a abertura de 118 novos leitos.
Em um segundo momento da audiência, aberto à manifestações, houve apontamentos críticos. O presidente do Conselho de Saúde, Alexandre Silva, pontuou que a reunião não trouxe “propostas concretas de como melhorar o atendimento”. A presidente do Sidiserv, Silvana Pirolli, defendeu a continuação do atendimento 100% SUS no Hospital Geral, contou relatos de usuários que estariam sendo mal atendidos no Hospital Pompéia e cobrou apoio da Comissão de Saúde em visitas a unidades de saúde.
“Quero saber aonde vai ser aplicado [os recursos]. Por que é para resolver estes gargalos. Queremos saber o plano de cada hospital”, propôs a sindicalista, em referência à novas chegadas de recursos às instituições de saúde caxienses.
O vereador Lucas Caregnato (PT) relatou deficiências do serviço de atenção básica e levantou problemas estruturais de UBSs em bairros como Parque Oásis, Santa Fé e Esplanada: “Não dá pra construir a UBS e jogar a chave fora”. Felipe Gremelmaier (MDB) criticou que outros municípios, por vezes, não colaboram com recursos, ou em mobilização, para o serviço de saúde ofertado e argumentou que “quem tem que comandar e chefiar as mudanças é o maior município, Caxias do Sul”.
A audiência foi conduzida pelo vereador-presidente da Comissão de Saúde, Olmir Cadore (PSDB) e contou ainda com a participação da titular da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, Solange Sonda.