Nesta segunda-feira (29), entidades de imprensa do Rio Grande do Sul se manifestam sobre nomeação do garibaldense Micael Carissimi, suspeito de ser o mandante de ataque contra o jornalista Daniel Carniel. Em fevereiro deste ano, Micael Carissimi foi indiciado criminalmente pela Polícia Civil. Ele foi nomeado coordenador da assessoria de gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado do Rio Grande do Sul.
Confira as notas na íntegra:
“Associação Riograndense de Imprensa
ARI PEDE REVISÃO
É com surpresa e decepção que a Associação Riograndense de Imprensa recebe a notícia da nomeação para cargo de assessoria na Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado de um cidadão indiciado pela polícia por agressão a jornalista. Ainda que as investigações não tenham sido concluídas, os indícios apontam para a responsabilidade do referido agente político como mandante do ataque a Daniel Carniel, da TV Adesso, de Garibaldi, ocorrido em janeiro do ano passado. A ARI repudia qualquer tipo de hostilidade a profissionais de imprensa e vê como afronta à democracia dar função pública a quem agride a liberdade de expressão.”
“Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS:
O Sindjors – Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS tem um posicionamento firme de repúdio absoluto em relação a todo e qualquer tipo de violência contra jornalistas e, por essa razão, faz parte da Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, iniciativa encabeçada pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Artigo 19, que age no combate aos ataques e ameaças à liberdade de expressão, por meio da denúncia de casos, de processos de formação e de estratégias. A rede reúne jornalistas e organizações da sociedade civil de todo o Brasil. Os casos em curso, que estão sob investigação, como este, do secretário Micael Carissimi, indiciado por lesão corporal, que aguarda perícia complementar a pedido do Ministério Público, são acompanhados atentamente pelo Sindjors, que atua no combate à violência contra jornalistas, defendendo a liberdade de imprensa, um dos pilares da Democracia. As responsabilidades civis e criminais serão cobradas, sempre que necessário. Lembramos que a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, da qual o Sindjors faz parte, conta com o apoio da Repórteres sem Fronteiras, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e da Associação Profissão Jornalista (APJor).
Carla Seabra, 1ª vice-presidenta do SindJoRS”
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A nomeação de Carissimi foi publicada no Diário Oficial em 5 de maio. A secretária da pasta, Simone Stülp, anunciou sua chegada ao cargo por meio das redes sociais. O salário bruto para a posição de comissário superior será de R$ 14.449,00.
O que diz o Governo do Rio Grande do Sul:
“Tendo tomado conhecimento dos alegados fatos, o governo adotará os procedimentos administrativos de praxe para averiguação, respeitado o devido processo legal e lembrando que o indiciamento não pressupõe condenação judicial ou comprovação definitiva de culpa.”
O inquérito policial aponta que Carissimi teria sido o mandante da agressão sofrida pelo jornalista em janeiro de 2022. Imagens de câmeras de segurança registraram dois homens, também indiciados, nas proximidades do local onde Daniel foi agredido. Em depoimento à Polícia Civil, o agressor afirmou ter recebido R$ 500 de um terceiro supostamente contratado pelo ex-secretário para cometer o ataque.
Foto: Reprodução/Facebook