Polícia

Enfermeiro denuncia racismo, é transferido de UBS e tem salário reduzido em Caxias

Ilustração Foto: EPA/Reproução
Ilustração Foto: EPA/Reproução

No último dia 05 de janeiro, o enfermeiro da Estratégia da Saúde da Família na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro São Caetano, Eduardo Costa, foi vítima de racismo, praticada por um médico estrangeiro, integrante do Programa Mais Médicos.

De acordo com o relato da vítima, que já realizou boletim de ocorrência por injúria, o médico atende normalmente até as 16h30min. Naquela terça-feira, por volta das 16h10, adentrou uma mãe e uma criança na unidade, onde a filha tinha alergias pelo corpo. O enfermeiro fez os primeiros atendimentos e posteriormente repassou para o médico analisar o quadro clínico da criança.

O médico irritado pela ação do enfermeiro, já que o turno dele estava se encerrando, foi até a sala dele, fechou a porta iniciou uma séria de ofensas. Entre elas, conforme registro policial, chamou Eduardo de “negro macaco”. O enfermeiro conteve-se para não tomar medidas drásticas e saiu caminhando da sala enquanto o médico continuava a desferir palavras ofensivas. Eduardo Costa, se dirigiu a administração da UBS e solicitou um registro do racismo em ata.

Costa trabalhava na Unidade do São Caetano desde que iniciou a pandemia em 2020. Contudo, após o ato de racismo, ele foi chamado na Secretaria de Saúde, para trocar de unidade, sendo oferecidas duas opções pra ele. Eduardo argumentou que não gostaria de trocar, gostava do trabalho, do salário e do horário que fazia. Mesmo sendo a vítima da situação e sem consentimento, ele foi transferido para a Unidade do bairro Desvio Rizzo e ainda teve seu salário diminuído.

Costa contou à reportagem do Leouve que não é a primeira vez que o médico entra em atrito e desrespeita os colegas. Ainda, o enfermeiro demonstrou relatórios de produtividade, em comparação com atendimentos realizados na Unidade do São Caetano, e ele está entre os enfermeiros mais ativos no local.

Diante dos fatos, Costa contratou o advogado Tiago Brehm. O advogado comenta que serão analisadas e levados a justiça os dois casos; o crime penal pela injuria do médico ao enfermeiro e a punição administrativa, já que o médico continua na UBS sem ser afastado também. “A posição do enfermeiro foi deprimida e pela posição do médico”, relata Brehm.

Tiago reforça o desejo da vítima. “O Eduardo está aguardando uma posição da Secretaria de Saúde antes de entrar com uma ação cível contra eles,mas ele quer que o médico sofra as consequências das suas atitudes, visto que é um crime”.

A Polícia Civil já está dando andamento as investigações, relacionadas ao recolhimento de depoimentos de testemunhas e tramite normal do inquérito. Além disso, outro documento foi enviado ao Ministério da Saúde, para analise do caso, já que o crime no Brasil é inafiançável e tem penas de detenção. Sendo assim, a permanência do médico no Brasil pode ser cancelada, já que ele é integrante do Programa Mais Médicos.

A Secretaria Municipal de Saúde foi acionada para falar sobre o caso. Em nota por e-mail, a assessoria de imprensa da pasta respondeu:

Em resposta à solicitação feita pela reportagem do Portal Leouve a respeito do caso do servidor Eduardo Costa, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que uma sindicância interna foi aberta para apurar o fato. Como o procedimento administrativo está em fase inicial, e para não prejudicar a coleta de provas e informações, a pasta só se manifestará ao final dos trabalhos.