DIREITOS HUMANOS

Caxias do Sul é a 2ª cidade em violência contra LGBTQIAPN+ no RS; veja ranking

Na Serra Gaúcha, Bento Gonçalves e Gramado também aparecem em ranking estadual. Dados nacionais mostram cenário crítico.

Foto: Pixabay/Divulgação
Foto: Pixabay/Divulgação

Um levantamento inédito da Ouvidoria Nacional do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania coloca a Serra Gaúcha no centro de um triste cenário no Rio Grande do Sul. A região concentra algumas das cidades com maior número de registros de violência contra a população LGBTQIAPN+ no estado em 2025.

Caxias do Sul em segundo lugar no Estado

Destaque negativo no relatório, Caxias do Sul ocupa a segunda posição no ranking estadual, com 124 ocorrências registradas até setembro. O município fica atrás apenas da capital, Porto Alegre, que lidera com 395 casos.

A lista das 20 cidades mais violentas do RS inclui ainda outros municípios da Serra. Bento Gonçalves aparece na 8ª posição, com 36 registros. Gramado contabiliza 21 ocorrências, configurando a região como uma área de alta vulnerabilidade para a comunidade LGBTQIAPN+ no interior gaúcho.

Panorama estadual e nacional é grave

Os dados estaduais revelam que o Rio Grande do Sul já registrou mais de 1,4 mil casos de violência contra pessoas LGBTQIAPN+ em 2025. As denúncias incluem violações como maus-tratos, exploração sexual e tráfico de pessoas.

Em nível nacional, a situação é ainda mais crítica. O Brasil contabilizou 36.443 registros até 29 de setembro de 2025 e mantém um triste recorde: é o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo há 17 anos consecutivos.

Dados alarmantes sobre mortalidade

O Dossiê Antra 2025 complementa o cenário com informações chocantes sobre a população trans e travesti:

  • Em 2024, foram registradas 122 mortes violentas – uma a cada três dias.
  • expectativa de vida média de pessoas trans e travesti no Brasil é de apenas 32 anos, menos da metade da média nacional para pessoas cisgênero (77 anos).
  • Desde 2008, o número de homicídios contra essa população aumentou 110%.

Falta de estrutura e vulnerabilidade social

O relatório nacional aponta a ausência de delegacias especializadas no atendimento à população LGBTQIAPN+ no Rio Grande do Sul como um agravante. Enquanto existem unidades para mulheres e idosos, não há um canal estruturado para vítimas de crimes motivados por LGBTIfobia.

Especialistas entrevistados para o relatório reforçam que a vulnerabilidade social é um fator determinante. Muitas vítimas enfrentam expulsão de casa, situação de rua e são levadas à prostituição por falta de alternativas. A criação de políticas públicas regionais, educação inclusiva e campanhas de conscientização são apontadas como medidas urgentes para reverter este quadro.

Confira o ranking das 10 primeiras cidades do RS em violência contra LGBTQIAPN+:

  1. Porto Alegre – 395 casos
  2. Caxias do Sul – 124 casos
  3. Sapiranga – 48 casos
  4. Santa Maria – 45 casos
  5. São Leopoldo – 41 casos
  6. Pelotas – 41 casos
  7. Cachoeirinha – 41 casos
  8. Bento Gonçalves – 36 casos
  9. Passo Fundo – 30 casos
  10. Canoas – 24 casos