A tragédia com o avião bimotor da Voepass, nesta sexta-feira (9), em que morreram 57 passageiros e quatro tripulantes no interior de São Paulo, é a primeira de grande porte no intervalo de 17 anos no Brasil.
A aviação comercial brasileira não registrava um acidente com um grande número de vítimas desde 2007. No dia 17 de junho daquele ano, 199 pessoas morreram após um Airbus da empresa TAM (hoje Latam) ultrapassar a pista do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, logo após o pouso.
O voo JJ 3054 era procedente de Porto Alegre e bateu contra o terminal de cargas da companhia aérea, que ficava do outro lado da avenida Washington Luiz. Morreram 187 pessoas que estavam a bordo, além de 12 vítimas em solo. O caso é considerado como a maior tragédia aérea da história do país.
A investigação apontou diversos fatores como causadores do acidente. Entre elas, uma limitação mecânica no reversor de um dos motores do avião, a pista molhada e recém-reformada, ainda sem as ranhuras – hoje obrigatórias – além de imprecisões no treinamento dos pilotos para casos do gênero, bem como limitações do software do projeto. Depois do acidente, inúmeras mudanças de procedimento foram estabelecidas e nunca mais se repetiram incidentes como aquele.
No ano anterior, em 2006, 154 pessoas haviam perdido a vida, no choque de um Boeing da Gol com um jatinho particular que ia para os Estados Unidos. O acidente foi em Mato Grosso. A causa, entre outros fatores, foram o descumprimento de procedimentos de comunicação entre o Controle do Tráfego Aéreo e os pilotos do jatinho, bem como a não obrigação do uso do TCAS (sistema que mostra ao piloto de um avião a posição relativa de outra aeronave voando nas proximidades). O procedimento foi instituído posteriormente ao acidente.
Segundo a Rede de Segurança da Aviação (ASN), da Flight Safety Foundation, o Brasil registrava 54 incidentes aéreos em 2024, todos envolvendo a aviação executiva ou agrícola, com 24 mortes. Em 2023, o site registrou 13 mortes e 56 ocorrências. No número total de incidentes estão ocorrências menores como choques com pássaros ou falhas de motores que foram controladas pelos pilotos, com pousos seguros, sem gerar vítimas.