Bang, bang
Foto Wilson Dias, Agência Brasil

Existem muitos motivos para se querer ter uma arma: segurança é o primeiro deles. Mas há quem goste do barulho, queira testar sua pontaria, aprecie o esporte da caça. E tem quem a use para assaltar ou cometer uma vingança.

Eu concordo que ter uma arma em casa nos torne mais confiantes em nossa fortaleza, nosso porto seguro mais seguro. Quando aconteceu o plebiscito sobre poder ter ou não armas, votei não. Imaginei que como a maioria da população não andava armada, desejaria continuar assim. E como não gosto de armas, prefiro que os outros não a tenham também.

Meu prognóstico estava errado. Mesmo quem não tinha arma votou a favor do poder tê-las. As pessoas entendem que se o bandido anda armado o mesmo pode acontecer com as pessoas de bem. Aqui um ponto fundamental: estamos nivelando pelo direito de balear e ser baleado; de nos equipararmos a marinais. OK! Esta é só uma questão filosófica que pouco tem a ver com a prática e a vida real em tempos de menosprezo às ciências sociais e humanas.

Sou um perdedor razoável. Sei reconhecer quando não tem jeito. Mas, me deixa espernear um pouco. Desprezo tanto aquela mímica dos dois dedos imitando um revólver ou dos dois braços que parecem estar segurando um fuzil. Gosto tão pouco disto quanto de petistas que não admitem seus erros grosseiros na gestão da coisa pública e na traição a princípios éticos que tanto pregaram. Por mim, o líder da bancada da bala e a deputada Gleisi Hofmann são a mesma moeda na versão cara e coroa.

Se esta nova abertura, a flexibilização para o portede armas que o país está dando para que cerca de 250 mil pessoas possam ter seus revólveres ou espingardas vai aumentar a segurança ou apenas fazer subir o número de mortes desnecessárias; se vão morrer mais bandidos ou inocentes, tudo isto é uma questão que o futuro de curto prazo nos indicará.

Quero que bandidos tenham o fim que procuram – veja bem, não o que desejam, o que procuram por sua atividade perigosa e ilegal. Quero famílias mais seguras. Não é uma promessa, mas ainda não pretendo comprar revólver, embora o decreto admita que jornalistas terão este direito. Mas o que eu sonho mesmo é com uma nação em que não seja necessário andar armado.