A liberação dos suspeitos da morte de duas crianças em um suposto ritual macabro na cidade de Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, e a reviravolta na investigação do caso causou estragos na reputação da Polícia Civil, acredita o delegado Emerson Wendt, chefe da corporação. Para ele, os erros cometidos na investigação servem como “aprendizado interno”.
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Para o delegado Rogério Baggio, que preside o inquérito, os rumos da investigação se baseavam em “uma mentira, uma farsa”. Ele afirmou que, depois que testemunhas foram desmentidas, as investigações voltaram “à estaca zero”.
A reviravolta nas investigações vai apurar ainda a atuação no caso do delegado Moacir Fermino, que cobria as férias de Baggio, titular da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, e afirmou que desvendou o caso por “revelação divina”. Ele havia solicitado a prisão de sete pessoas, mas, durante uma acareação conduzida por Baggio, algumas testemunhas afirmaram que sofreram coação para incriminar os acusados. Silvio Rodrigues, preso como chefe do suposto ritual, chegou a dizer que o delegado teria dito “que era Deus e que veio prender Satanás”.
De acordo com a polícia, as testemunhas que mentiram em depoimento devem responder por falso testemunho e denunciação caluniosa. No Código Penal, esses crimes têm como pena reclusão de dois a quatro anos no primeiro caso e de dois a oito anos no segundo, além de multa.