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Após três meses, Balsa de Santa Bárbara retoma operações e ligação da Serra Gaúcha com o Vale do Taquari

Volta da Balsa de Santa Bárbara é sinônimo de alívio e esperança na retomada, não apenas da ligação entre regiões importantes, mas também da economia e laços familiares

Balsa de Santa Bárbara retoma operações com restrições devido ao rio alto (Foto: Adriano Padilha/Grupo RSCOM)
Balsa de Santa Bárbara retoma operações com restrições devido ao rio alto (Foto: Adriano Padilha/Grupo RSCOM)

Foram mais de três meses de um misto de sentimentos entre angústia, nervosismo e expectativa até que a Balsa de Santa Bárbara retomasse as operações e a ligação da Serra Gaúcha com o Vale do Taquari. A espera – rodeada de reviravoltas e burocracia – teve fim na manhã deste sábado (10) e, a partir de agora, a travessia do Rio Taquari entre Bento Gonçalves, Santa Tereza e São Valentim do Sul, será diária. O serviço está disponível das 7h às 17h30min. Dependendo da demanda, os horários poderão ser ampliados no futuro.

O percurso da travessia é de aproximadamente 150 metros, com uma média de 15 minutos para completar a viagem, incluindo 12 minutos para embarque e desembarque e três minutos para a travessia em si. A balsa, sob responsabilidade da empresa Lacel, tem 24 metros de comprimento e 9 metros de largura, com uma área de 216 metros quadrados, sendo capaz de transportar até 15 veículos leves.

Emocionado – e aliviado – com a retomada das operações neste final de semana, o responsável pela Lacel, Celso Otacílio Heberle, fala da responsabilidade de manter as atividades no local, tão importante para o desenvolvimento e manutenção de duas das principais macrorregiões do Rio Grande do Sul.

“É uma satisfação muito grande recomeçar novamente. Retornando às atividades de travessia das cidades. Tivemos um prejuízo enorme nas enchentes como todo mundo da região aqui, mas graças a Deus estamos restabelecendo hoje com a nova balda da Lacel 5 para esse pessoal maravilhoso da Serra Gaúcha. É muito importante pra todos. Nossa meta é cumprir da melhor forma possível essa necessidade que representa a balsa, ainda mais na situação que se encontra a região depois de tudo que aconteceu. É emocionante. Do lado de Santa Tereza ainda estamos sem energia elétrica, mas assim que possível e restabelecida, vamos ampliar o horário da travessia”, reforça Heberle.

O retorno das operações é temporário e autorizado até que uma embarcação de maior porte esteja disponível para restabelecer totalmente o transporte na região.

Balsa de Santa Bárbara retoma operações com restrições devido ao rio alto (Foto: Adriano Padilha/Grupo RSCOM)

O alívio e a retomada

Dezenas de moradores da região fizeram fila desde muito cedo neste sábado (10) para, além da travessia, celebrar a retomada do serviço e da balsa. Entre sorrisos, buzinas e foguetes, todos presentes comemoraram que o equipamento estava operando e restabelecendo, até mesmo, laços familiares que estavam separados pelo rio.

O caminhoneiro Jankiel era um dos ansiosos pelo momento. O irmão dele perdeu praticamente tudo com a enchente de maio. A balsa, naquele momento e fazendo a travessia, representa para ele e família, um alento de esperança para a retomada.

“A abertura da balsa é fundamental para todos municípios da região para o fluxo de mantimentos das pessoas, visitação, rever parentes e comércio local que está parado por conta dessa falta de fluxo. O pessoal das encostas dos rios foram atingidos demais, a agroindústria precisa se reerguer. Viemos auxiliar e cruzar na balsa com equipamentos para ajudar a reconstrução. Essa balsa é o pontapé inicial, já é o suficiente para fazer a diferença. Entre nada e alguma coisa, com certeza faz diferença”, diz.

Everaldo pulou da cama às 5h para ser um dos primeiros a estrear a travessia da nova balsa. Na expectativa para visitar os familiares sem ter que dirigir por mais de quatro horas.

“Saí de casa às 5h30min, pra ser um dos primeiros. Logo descendo pra colônia. Meus pais são moradores do interior e seguido vamos pra lá. Antes, tínhamos que fazer uma volta bem grande. Esperamos um pouco na balsa, mas é vantajoso. São muitos moradores, familiares, muita gente precisa desse acesso. Até não ficar pronta a ponte, vamos de balsa mesmo.

Essa travessia é crucial para a conexão entre o Vale do Taquari e a Serra, especialmente após a queda da ponte local devido às chuvas de setembro de 2023.