ÚLTIMA VEZ EM 1998

Após 27 anos, Serra Gaúcha volta a presidir a Assembleia Legislativa

Pepe Vargas (PT) ocupará o cargo de presidente durante o ano de 2025. Em entrevista à reportagem, o ex-prefeito de Caxias do Sul projeta atuação com debates sobre sustentabilidade e aplicação do Regimento Interno

Após 27 anos, deputado da Serra Gaúcha voltará a presidir a Assembleia Legislativa
Foto: Fernando Gomes / ALRS / Divulgação

Após 27 anos, a presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) será novamente ocupada por um representante da Serra Gaúcha. O deputado estadual Pepe Vargas (PT) irá assumir o cargo no dia 3 de fevereiro de 2025, em solenidade às 10h. O último político da região a atingir o feito foi o ex-governador José Ivo Sartori (MDB), em 1998.

A Casa respeita um acordo pluripartidário — alternativo ao Regimento Interno, que prevê eleições à mesa diretora a cada dois anos — em que as maiores bancadas se revezam na chefia durante os quatro anos da legislatura (2023-2026). Pepe foi indicado pelos 11 legisladores petistas para presidir o parlamento estadual no ano que vem.

Em 2023, ocupou a cadeira Vilmar Zanchin, do MDB, legenda que possui seis deputados. O atual presidente é Adolfo Brito, do PP, sigla composta por cinco parlamentares. Ele fica no cargo até 31 de janeiro de 2025. No ano seguinte, em 2026, será a vez do Republicanos escolher um de seus cinco integrantes para comandar a ALRS.

O futuro presidente da Assembleia adianta que, em relação às outras posições da mesa diretora, já foi definido o 1° secretário: será o deputado Sergio Peres (Republicanos). Ao todo, o colegiado é composto por um presidente, dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes de secretário.

Com Pepe Vargas, o Legislativo gaúcho será comandado, em 2025, pela oposição ao governo Eduardo Leite (PSDB). O parlamentar acredita que esse fator não influenciará sobre o debate ou a tramitação de projetos e afirma que se trata de um cenário corriqueiro, presente em qualquer legislatura.

“Não impacta em absolutamente nada. Toda legislatura tem deputados de oposição e de situação que presidem a Assembleia, não é novidade. O presidente não tem, aqui, poderes plenipotenciários para impedir que o governador execute o governo dele e nem esse é o objetivo da oposição. É absolutamente normal dentro de um regime democrático”, defende o petista.

“Discutir um RS mais sustentável”

O deputado do PT detalha que, entre as atribuições do presidente, está a indicação de investimentos internos na estrutura da Casa. Ele reforça que terá um papel de ‘guardião’ e aplicador do Regimento Interno, legislação na qual constam as regras para funcionamento da Assembleia.

Pepe afirma que, como os presidentes anteriores, escolherá um tema especifíco para promover no Fórum Democrático. A iniciativa, do Parlamento gaúcho, consiste na realização de debates e eventos que resultem em eventuais sugestões e projetos de lei. Nesta legislatura, os assuntos trabalhados foram irrigação e educação. O próximo chefe do Legislativo escolheu a pauta da sustentabilidade.

“Queremos discutir um Rio Grande do Sul que seja sustentável, mais verde e mais próspero. Ou seja, discutir desenvolvimento à luz das mudanças do clima e necessária transição energética e as políticas que tem que ser desenvolvidas nos mais variados setores para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Queremos fazer um circuito de debates, trazendo especialistas, ouvindo a comunidade, a sociedade civil, as universidades, as entidades empresariais para discutir os objetivos do desenvolvimento sustentável do nosso Estado”, projeta Pepe.

A ideia, explica o deputado, é colocar em prática um conjunto de medidas também internamente, na Casa, para contribuir com projetos sustentáveis. Ele cita, como exemplo, a possibilidade da racionalização de recursos hídricos e o tratamento de resíduos sólidos.

Quem é Pepe Vargas

Pepe Vargas nasceu em Nova Petrópolis em 29 de outubro de 1958. Aos seis anos, sua família se mudou para Caxias do Sul, município onde reside e iniciou sua militância política. É casado com Ana Maria Corso e pai de Isadora e Gabriela, e formado em Medicina. Iniciou sua militância política em 1974, aos 16 anos, apoiando as candidaturas do MDB, à frente da oposição legalizada contra a ditadura militar.

Filiou-se ao PT em 1981. Em 1989 foi o primeiro vereador do partido eleito em Caxias. Nas eleições de 1994, garantiu uma vaga na Assembleia Legislativa. Foi prefeito do maior município da Serra por dois mandatos, entre 1997 e 2004.

Em 2006, foi eleito deputado federal e reeleito ao cargo em 2010 e 2014. Assumiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a convite da então presidente da República, Dilma Rousseff, em março de 2012, permanecendo até março de 2014. Desempenhou, ainda, papel como ministro da Secretaria de Relações Institucionais e da Secretaria de Direitos Humanos durante o segundo governo Dilma.

Recentemente, Pepe concorreu à prefeitura de Caxias do Sul: em 2020, foi derrotado no 2° turno e, em 2016, ficou em 3° lugar. Desde 2019, é deputado estadual — foi reeleito ao Parlamento em 2022.