Caxias do Sul - A entrega do ‘Prêmio Caxias’, uma das maiores honrarias concedidas pela Câmara Municipal de Caxias do Sul, a Jeison Pereira Festugato, virou polêmica e necessitou de intervenção da Mesa Diretora nesta sexta-feira (9). Após uma série de denúncias e de tornar-se pública a condenação e a extensa ficha policial de Festugato, a Casa revogou o prêmio ao apenado, que havia sido indicado pelo vereador Wagner Petrini, o Muleke (PSB).
Confira a Nota na íntegra
“A Câmara Municipal de Caxias do Sul esclarece que, na manhã desta sexta-feira (09/05), por meio da Resolução 1.466/A-2025, revogou a Resolução 1.461/A-2025, que concedia o Prêmio Caxias a Jeison Festugato.
A Mesa Diretora decidiu pela medida tão logo tomou conhecimento de que o citado cumpre pena em prisão domiciliar.
Cabe salientar que a referida honraria é de iniciativa exclusiva do vereador proponente e não passa por apreciação em Plenário, diferentes de outras como a outorga dos títulos de Cidadão Caxiense, Cidadão Emérito e outras solenidades.
Os critérios para a concessão de homenagens são permanentemente revisados no âmbito da instituição e alterações que coíbam situações como essa entrarão em vigor.”
O que diz Wagner Petrini
O proponente da honraria, vereador Petrini disse que “não sabia do histórico e da ficha criminal” de Jeison. Segundo o parlamentar, a repercussão negativa e intervenção da Mesa Diretora, agora, abrem precedente para a alteração do regimento interno.
“A gente (inclusive outros vereadores) não sabia do histórico da ficha criminal, até porque o regimento interno da casa, ele não exige trazer a ficha criminal. Então, no passado dele, ele teve alguns problemas e aí repercutiu. A gente sabe do mérito, eu continuo aplaudindo as ações dele realizadas na enchente, mas não com a parte da ficha criminal, histórico dele passado, isso não. A gente decidiu revogar, então, o prêmio Caxias. Agora, já tá a discussão de tratarmos o regimento interno da Câmara de Vereadores, pra que não aconteça isso”, diz Muleke.
“A gente precisa realmente ver o histórico, as pessoas falam muito em ressocialização, mas muitas pessoas criticam, não que seja o caso, mas eu digo que assim, a gente tem que ter algum cuidado”, conclui.
A indicação do nome de Festugato ao Prêmio Caxias foi dada à Petrini por meio de uma amiga em comum, de acordo com ele. Jeison teria destacada atividade e auxílio a pessoas na época das enchentes, além de ser um dos nomes do setor automotivo da cidade.
“Por ser cadeirante, e na época das enchentes, ajudou muito, muito mais que pessoas aptas a fazer um papel simples, com dois braços, duas pernas, e não fizeram. O cara realmente, eu vi vídeos, o histórico, ele ajudou muito, inclusive salvar vidas. Porém, após a entrega do prêmio, é uma repercussão grande, né, porque é uma honraria da Câmara de Vereadores, então, muitas pessoas querem e não conseguem, então, também repercute esse lado.”
Condenação
Em 2019, Jeison Pereira Festugato, à época com 28 anos, foi condenado a 21 anos e um mês de prisão, por, de acordo com a Justiça, ter envolvimento em furto de veículos e extorsão das vítimas. Em juízo, ele havia alegado que as acusações não eram possíveis, pois estava há poucos dias em casa (prisão domiciliar) e fazendo fisioterapia três a quatro vezes por semana. Ele possui uma vasta ficha como suspeito de diversos crimes, entre eles, o mais recente, posse/porte ilegal de arma de fogo em março deste ano. Em 2012, ele foi vítima de uma tentativa de homicídio em Caxias do Sul, sendo alvo de três disparos de arma de fogo.
Prêmio Caxias do Sul
O Prêmio Caxias do Sul é concedido pelo Parlamento a pessoas, entidades ou localidades que se destacam em serviços prestados à comunidade caxiense nos mais diferentes campos de ação. No caso de Jeison, foi uma honraria concedida – já revogada – por indicação do gabinete do vereador Wagner Petrini, sem necessidade de passar por votação em plenário.