EFEITOS DAS ENCHENTES

Direção busca manter protagonismo do Aeroporto Hugo Cantergiani mesmo com reabertura do Salgado Filho

Como principal terminal do Estado, aeródromo de Caxias do Sul bateu recorde histórico de passageiros no ano. Objetivo é negociar com empresas para permanecer com quantidade maior de voos diários

Caxias do Sul busca manter protagonismo do Aeroporto Hugo Cantergiani após reabertura do terminal da Capital
Foto: Rodrigo Rossi/Divulgação

O Aeroporto Regional Hugo Cantergiani superou,nos primeiros nove meses deste ano, o número de passageiros de todo 2023. Entre 1° de janeiro e 30 de setembro de 2024, passaram pelo terminal de Caxias do Sul 337.445 pessoas, ultrapassando a marca de 334.318 usuários do ano passado. A previsão é de, até o fim do ano, registrar mais de 400 mil passageiros.

O incremento significativo nos números do Hugo Cantergiani foi motivado pelo fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, após as enchentes de maio. Foram mais de cinco meses até a reabertura do terminal da capital para voos comerciais na segunda-feira (21).

A crise colocou o equipamento aeroportuário de Caxias não somente como alternativa, mas como principal referência do Estado nesse período. Entre maio e setembro foram registradas 3.928 operações referentes a pousos e decolagens de aviações comercial, fretada e privada — o acumulado do ano é de 6.068 operações. Atualmente, oito voos diários são ofertados.

Intenção é garantir a mesma, ou aumentar, atual malha viária

Com a normalização gradual dos trabalhos no Salgado Filho, a expectativa natural seria de retomada do ritmo habitual do Hugo Cantergiani de antes das enchentes. Entretanto, a ideia do município, segundo o diretor do terminal, Cleberson Babetzki, é manter o status atual ou até mesmo aumentar a malha viária a partir de negociações com as empresas aéreas.

“Temos contatado as companhias e demonstrado o interesse do município de continuar operando os voos e que, se for necessário, se amplie a malha viária, dado o fato de que o aeroporto se posicionou nesse momento de crise como uma importante alternativa”, adianta o gestor.

A Gol foi a responsável pela maior movimentação de passageiros no aeroporto caxiense, com 129.248 embarques e desembarques entre janeiro e setembro deste ano, seguida pela Latam, com 114.019, pela Azul, com 70.092, e pela Voepass, com 16.268. Os destinos disponíveis são os aeroportos de Viracopos, em Campinas, e de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo.

“No período anterior às enchentes tínhamos entre 700 e 800 passageiros por dia em Caxias. No fechamento do Salgado Filho, tivemos uma média de 1.600, 1.700 passageiros diários“, ilustra Babetzki.

Entre os feitos nos últimos meses, o aeroporto passou a receber voos de um avião cargueiro, operado pela Gol sob a bandeira do Mercado Livre; operou o primeiro voo com o modelo boeing 737 Max 8 em Caxias do Sul; e recebeu a primeira operação internacional com a aterrissagem de aeronave transportando delegação do time de futebol do Rosário Central, da Argentina.

Maior boeing que já operou no Hugo Cantergiani, no dia 28 de agosto | Foto: Divulgação

Maior utilização gerou aprimoramentos

Em contrapartida aos benefícios do protagonismo, o gestão do Aeroporto de Caxias precisou repensar sobre estrutura e a capacidade de operação. O município conseguiu, neste período, a homologação do sistema RNP-AR 15 para a aproximação de aeronaves em condições adversas como cerração parcial; e a instalação do Precision Approach Path Indicator (PAPI), equipamento composto de cubos com luzes LED que auxilia nos pousos.

Como prioridades para modernização do terminal, Babetzki também cita a reforma do telhado para conter infiltrações, finalizada neste mês, e a preparação para uma futura reforma do terminal.

Melhorias na pista

De acordo com o diretor, nos próximos dias deve ser publicado novo edital para recapeamento asfáltico da pista. No processo anterior, apenas uma, de três empresas proponentes, demonstrou capacidade para cumprir os requisitos do projeto – entretanto, solicitou um valor 40% maior que os R$ 5,95 milhões orçados para a execução.

Ainda que não apresente condições críticas, o pavimento do Hugo Cantergiani possui rachaduras e sofre com infiltrações durante as chuvas, principalmente após os episódios extremos de maio deste ano. A ideia é que seja realizado o fresamento de toda a extensão da pista, serviço que compreende a retirada do asfalto, em uma espessura de 5cm, e colocação de asfalto novo.

Diretor do Aeroporto Hugo Cantergiani, Cleberson Babetzki | Foto: Rodrigo Rossi/Divulgação

“Essa situação (enchente e fechamento do aeroporto da Capital) demonstrou para as empresas aéreas e agências de viagem que Caxias do Sul pode receber mais voos e ser uma alternativa para os passageiros virem à Serra ao invés de desembarcarem em Porto Alegre. Começamos uma série de ações que vão colocar o aeroporto na posição em que deve estar. Vejo um futuro promissor”, complementa o diretor do terminal.