
As enchentes de 2024 deixaram danos severos na malha ferroviária do Rio Grande do Sul. Cerca de 700 quilômetros de trilhos foram afetados, e a recuperação pode custar até R$ 4 bilhões. O impacto atinge diretamente o Vale do Taquari e a Serra Gaúcha, onde o Trem dos Vales teve a temporada cancelada devido aos estragos em túneis e estruturas, gerando prejuízos milionários aos municípios envolvidos.
Apesar das perdas, a região passou a acompanhar, nas últimas semanas, a remoção de trilhos da Malha Sul pela concessionária Rumo Logística. A empresa retirou peças da via permanente e enviou o material para trechos em operação em Santa Catarina. A ação, classificada como “remanejamento” e autorizada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), gerou preocupação entre lideranças locais, que temem a desativação de ligações históricas para cargas e turismo.
Ao saber da retirada, a prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, acionou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que determinou a suspensão dos trabalhos devido ao tombamento federal do município. Ela também buscou diálogo com a Rumo e se reuniu com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), em Porto Alegre, com apoio do deputado estadual Dirceu Franciscon, para cobrar explicações sobre a autorização federal.
Reunião com a ANTT e Ministério Público Federal
A administração municipal agora articula uma reunião com a ANTT para defender que qualquer decisão sobre a ferrovia considere o impacto nos municípios atingidos pelas enchentes, especialmente no Vale do Taquari. A mobilização ganha força após recomendação do Ministério Público Federal, que determinou à Rumo e à ANTT a suspensão imediata do remanejamento de trilhos no Estado, salvo em casos de risco comprovado, além da apresentação de um relatório completo sobre o material já retirado.
Para a prefeita Gisele Caumo, a situação exige união regional. Segundo ela, a remoção de trilhos ameaça a história e o potencial de crescimento da região.
“Cada metro arrancado representa uma oportunidade perdida de desenvolvimento. Após tudo o que o Vale viveu, esperamos um plano sério de recuperação, não o desmonte silencioso de um patrimônio que pertence à União”, afirma.
Logística, Turismo e Desenvolvimento Sustentável
Gisele reforça que a preocupação vai além de Santa Tereza. O município seguirá acompanhando qualquer movimentação na ferrovia enquanto busca, junto a prefeitos, entidades e órgãos federais, um projeto de reconstrução que fortaleça a logística, o turismo e o desenvolvimento sustentável da Serra e do Vale do Taquari.