PESQUISA

4 em cada 10 empresas de transporte do RS tiveram perdas milionárias com enchentes

Pesquisa da CNT aponta que 38,2% da empresas do setor registraram perdas superiores a R$ 1 milhão

Levantamento mostra que 16,5% dos entrevistados afirmaram que ainda não voltaram à normalidade. (Foto: Reprodução)
Levantamento mostra que 16,5% dos entrevistados afirmaram que ainda não voltaram à normalidade. (Foto: Reprodução)

Os impactos do pós enchentes no Rio Grande do Sul ainda são sentidos pelos transportadores da região. Quase 40% das empresas com operação nos locais impactados pelas enchentes relataram perdas superiores a R$ 1 milhão, Os dados são da 2ª rodada da Pesquisa CNT de Impacto no Transporte – Enchentes no RS, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte.

Foram consultadas 193 empresas do ramo de transportes de cargas e de passageiros, entre 24 de abril e 4 de maio de 2025. Os resultados apontaram que 16,5% das transportadoras ainda não voltaram à normalidade e que 23,3% acreditam que a situação de calamidade gerará impactos negativos no seu negócio por mais de dois anos.

“Desde o início da tragédia, a CNT tem atuado para apoiar os transportadores e a sociedade do Rio Grande do Sul e buscar soluções junto ao poder público. O setor de transporte foi essencial para garantir o abastecimento, o resgate de pessoas, a distribuição de doações e a reconstrução emergencial de cidades afetadas. A recuperação plena depende diretamente do restabelecimento da infraestrutura logística”, destaca o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa.

Além das 38,2% que registraram perdas superiores a R$ 1 milhão, outras 42,7% estimaram prejuízos entre R$ 101 mil e R$ 1 milhão. Apenas 24,1% das empresas entrevistadas disseram não ter tido perdas diretas, apesar de atuarem nas regiões afetadas pelas enchentes.

Mesmo após um ano do desastre climático, 27,1% das empresas relatam ainda enfrentar impactos significativos. A Pesquisa, também, revela que as empresas adotaram diversas medidas para lidar com as consequências das enchentes: mais da metade (55,6%) precisou alterar rotas ou logística de forma temporária e 32,3% tiveram que recorrer a financiamentos.

Porém apenas 25,6% declararam ter acessado alguma linha de crédito especial após as enchentes e 42,1% das empresas que fizeram aviso de sinistros conseguiram receber indenizações das seguradoras.

Infraestrutura de transportes

O cenário logístico do estado segue com desafios. Apenas 7,5% dos empresários ouvidos acreditam que a infraestrutura de transporte foi totalmente recuperada. Ainda há bloqueios parciais ou totais em diversas rodovias, além de pontes danificadas e obras em andamento. O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, permanece sem operar em plena capacidade.

Para 16,5% dos entrevistados, a recuperação completa da infraestrutura pode levar mais de cinco anos. As enchentes atingiram todos os modos de transporte — rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo. Foram registradas quedas de pontes, rupturas de drenagem, deslizamentos de barreiras, alagamentos em vias urbanas e nos portos, além do fechamento prolongado do principal terminal aéreo do estado.

Apesar da gravidade dos danos, nenhuma das empresas entrevistadas precisou encerrar operações definitivamente. Mais da metade delas, 52,6%, relataram que a percepção sobre o risco de novos eventos climáticos aumentou e 32,3% afirmaram que implementaram medidas para melhor se preparar para eventos climáticos extremos, incluindo treinamento de equipe, plano de contingência e investimentos em infraestrutura preventiva.