Rio Grande do Sul - Apesar de o Rio Grande do Sul não enfrentar, até o momento, um ano tão dramático quanto 2023 e 2024, o estado já registra pelo terceiro ano consecutivo episódios de cheias. Em 2025, pelo menos uma das inundações atingiu níveis históricos. Segundo a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, mesmo com um cenário menos extremo, os riscos ainda existem — especialmente pela instabilidade climática que marca a primavera.
A especialista explica que, atualmente, o Oceano Pacífico apresenta condições de neutralidade, com tendência de resfriamento nos próximos meses, o que pode indicar a formação de uma La Niña. Esse padrão climático normalmente reduz o risco de enchentes no Sul do Brasil. No entanto, Estael alerta que eventos de chuva extrema vêm ocorrendo mesmo fora dos tradicionais anos de El Niño, o que aponta para uma mudança no comportamento climático.
Os modelos climáticos projetam uma primavera com chuvas abaixo da média na maior parte do Sul do país, embora o Noroeste gaúcho possa ter precipitações acima do normal. Ainda assim, os modelos falharam em prever os excessos registrados em maio e junho deste ano, quando o Rio Jacuí atingiu sua segunda maior cota histórica. Esse fator, segundo Estael, mostra que a atmosfera global retém hoje muito mais vapor d’água, resultado do aquecimento do planeta, o que favorece episódios de chuva intensa mesmo sem El Niño.
Outro ponto de atenção está na Oscilação de Madden-Julian (OMJ), que poderá atuar na segunda metade de setembro, coincidindo com o período da tradicional “enchente de São Miguel”, uma crença popular no estado. O fenômeno atmosférico favorece maior convecção e temporais na América do Sul e pode elevar o risco de chuvas volumosas justamente no fim do inverno e início da primavera — período historicamente associado a enchentes marcantes.
Previsões e Alertas para o Rio Grande do Sul
Estael Sias conclui que, embora o cenário atual seja menos propenso a grandes cheias, não se pode descartar episódios isolados de chuva extrema no Rio Grande do Sul nos próximos meses, especialmente em setembro e outubro. “O clima mudou, e as referências do passado já não garantem segurança para o futuro”, alerta a meteorologista.