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Plantada na serra gaúcha a videira mais antiga do mundo

Plantada na serra gaúcha a videira mais antiga do mundo

O dia de abertura da Wine South America teve um momento especial. Um não, dois: foram plantados ramos da mais antiga videira do mundo, pela manhã do dia 26 na coleção particular da vinícola Dal Pizzol e à tarde no parque de eventos onde a feira se realizou entre quarta e sábado da semana passada.

Trata-se de uma celebração ao vinho, sua história e sua cultura. O ramo, originário da Eslovênia e datado de 500 anos atrás e hoje faz parte da coleção de mais de 400 variedades plantadas no espaço Vinhedos do Mundo, no distrito de Faria Lemos – Bento Gonçalves.

A cerimônia, conduzida pelo diretor da cantina, Rinaldo Dal Pizzol e prestigiada pelo embaixador italiano no Brasil, Antonio Bernardini, e pela representante da Embaixada da Eslovênia, Suzana Pendic. “Vejo esse ato como uma oportunidade de criar laços entre Maribor e Bento Gonçalves”, disse a adita comercial da embaixada eslovena.

A videira é proveniente da cidade de Maribor e está sustentada na parede externa de uma casa do século 16, ambos considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Chegou ao Brasil por intermédio da amizade de Dal Pizzol com Luigi Soini, enólogo italiano e mentor intelectual do Vinhedo do Mundo. Soini tem uma plantação similar na cidade de Cormóns, Friuli, na Itália, com quase mil variedades de uvas de onde, a partir de um blend com algumas delas, produz o Vinho da Paz.

Foi através dele que as tratativas de doação do ramo de videira da cepa Modra Kavcina começaram, ainda em 2015. “Precisamos ficar na fila para sermos contemplados”, lembrou Dal Pizzol. A doação da videira é uma concessão oficial, de forma diplomática a destinatários internacionais. De Maribor, a videira foi levada a Cormóns e de lá transportada ao Brasil por Alberto Piz, diretor da Milanez & Milaneze, promotora da Wine South America, feira internacional de vinhos que ocorre até sábado em Bento Gonçalves, reunindo 250 marcas expositoras.

Para Dal Pizzol, o ato do plantio transcende o enriquecimento cultural de seu acervo vinífero. “Isso simboliza a solidariedade, a fraternidade e a paz entre os povos. E mesmo que a Eslovênia seja um tanto desconhecida para nós, a uva, o vinho, faz essa ligação entre os povos, de modo que a distância entre Maribor e Bento Gonçalves seja muito próxima. Que essa aproximação traga frutos não só uvas, mas frutos cultruais, sociais e, quem sabe, econômicos”, disse Dal Pizzol.

No Brasil, a muda foi submetida a procedimentos de enxertia de mesa e vegetação pelo viveirista Edgar Sinigaglia Junior, que estendeu a vida da videira de Maribor. Um outro exemplar da muda foi plantado na Fundaparque, onde ocorre a Wine South America, numa forma de demonstrar a importância do cultivo para os habitantes de Bento Gonçalves. “O vinho não é só um produto agroalimentar, é um produto cultural carregado de emoções e que faz parte da história do homem desde milênios”, comentou Dal Pizzol.

A variedade

A cada ano, algumas dezenas de garrafas são produzidos a partir da vinha de Maribor, que produz cachos com formato piramidal e bagas redondas de cor azulada. O resultado é um vinho único e peculiar, de cor vermelha rubi, aroma violeta e um buquê complexo de flores do campo. O vinho extraído da variedade Modra Kavcina é presenteado pela municipalidade de Maribor a autoridades que visitam a cidade eslovena.