Porto Alegre e Rio Grande do Sul - O tronco humano deixado em uma mala na rodoviária de Porto Alegre tem o mesmo DNA dos restos mortais localizados no bairro Santo Antônio, na zona Leste, no dia 13 de agosto. A comprovação ocorreu nesta quarta-feira, graças ao trabalho do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Conforme o laudo, há DNA idêntico nos dois segmentos de corpo. Além disso, também foi atestado que os membros têm o mesmo tipo de corte. Os peritos ainda apontam que se trata de uma mulher branca e corpulenta, de aproximadamente 50 anos.
A vítima ainda não havia sido identificada até o momento desta publicação. Para obter a identificação, uma das formas seria encontrar algum parente dela e fazer a comparação do DNA. Outra chance reside no exame de necropapiloscopia, que será feito através das digitais de uma das mãos encontradas no bairro Santo Antônio.
O DNA da mulher não constava nos arquivos do IGP. Agora, será lançado no Banco Nacional de Perfis Genéticos, com expectativa da informação chegar ao conhecimento de algum familiar que possa estar à procura da vítima.
Suspeita de crime passional
A Polícia Civil desconfia que o autor do esquartejamento conhecia a vítima. De acordo com o diretor o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), delegado Mario Souza, que conversou com a reportagem na terça-feira, não é descartado crime passional.
“A vítima sofreu “cortes limpos”. Isso é um fator característico de crimes passionais. Em outras palavras, difere de atos cometidos por facções, que geralmente usam machados e desmembram os rivais de forma mais grosseira”, pontuou o diretor do DHPP.
Ainda segundo Mario Souza, já há suspeitos na mira da investigação. “Já temos um nome e um CPF”, disse. Ninguém havia sido preso até o momento desta publicação.
Corpo na Estação Rodoviária
Nessa segunda-feira, quem encontrou o corpo foi Henrique Zamora Rodrigues, que trabalha há mais de duas décadas na Estação Rodoviária de Porto Alegre. Ele contou que uma mala foi deixada no guarda volumes do estabelecimento por um homem no último dia 20 de agosto e que, desde então, permanecia ali. Acontece que o odor putrefato começou a incomodar a equipe e, por isso, o trabalhador resolveu levar a bagagem para a área de descartes.
“Um homem fez o cadastro e deixou a mala no guarda volumes. Supostamente, outra pessoa buscaria essa bagagem, mas isso não ocorreu. Com o passar dos dias, e também devido ao clima mais abafado, o cheiro começou a ficar insuportável. Então, decidimos que o mais adequado seria jogar fora aquele item”, relembrou o funcionário.
Zamora contou que os fechos da mala estavam com cadeados. Antes de fazer o descarte, porém, ele e um colega decidiram arrebentar as trancas e verificar o conteúdo.
“Arrebentamos os cadeados e vimos que havia sacos de lixo dentro da mala. Começamos a mexer nas sacolas e o odor de algo podre ficou ainda mais forte. E assim percebemos que se tratava de um cadáver. Foi um grande susto. Trabalho há mais de 20 anos na rodoviária e nunca tinha passado por uma situação minimamente parecida. Já encontrei comidas estragadas, animais abatidos, mas nunca havia achado um corpo”, destacou Henrique Zamora.
Restos mortais na zona Leste da Capital
Em 13 de agosto, partes de um corpo foram encontradas na rua Fagundes Varela, no bairro Santo Antônio, na zona Leste de Porto Alegre. A ocorrência foi registrada por volta das 7h45min, quando um morador encontrou as partes da vítima dentro de uma sacola e acionou a Brigada Militar.
Fonte: Correio do Povo