A Polícia Civil confirmou na sexta-feira (27) que detectou a presença de arsênio em pessoas que comeram um bolo durante uma confraternização familiar em Torres, no Litoral Norte. Na ocasião, três mulheres morreram e outras duas pessoas – um adulto e uma criança – seguem internadas na UTI no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes. O veneno, encontrado em outros crimes, também já foi mencionado até em obras da escritora Agatha Christie.
De acordo com o Laboratório de Análises Químicas, Industriais e Ambientais da Universidade Federal de Santa Maria, o arsênio é um elemento químico encontrado naturalmente em águas, solo e rochas e não é um elemento essencial ao ser humano e a sua forma inorgânica é altamente tóxica.
A substância é conhecida pelo apelido de “rei dos venenos”, justamente por ser forte e discreto. Fora dos contos de Agatha Christie, o arsênio foi usado na produção de fármacos, para tratar doenças. Na agricultura, já foi utilizado na contenção de pragas, e na indústria dos cosméticos chegou a ser usado até ser reconhecido como um produto que faz mal para a saúde.
Tóxico
O arsênio é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das dez substâncias de maior preocupação para a saúde pública. A exposição não ocupacional ao arsênio ocorre principalmente por ingestão de água contaminada e alimentos. A exposição ambiental por via inalatória é considerada mínima.
Conforme um texto publicado pela Companhia Estadual do Estado de São Paulo, a substância está presente em quantidades mínimas em vários alimentos, porém em concentrações mais relevantes em frutos do mar, carnes e grãos.
Em frutos do mar, o arsênio é encontrado predominantemente em sua forma orgânica, que é menos tóxica; em grãos, como o arroz, o arsênio se apresenta na forma inorgânica, assim como na ingestão de água contaminada. Teores menores são encontradas em derivados do leite, vegetais e frutas.
Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta as concentrações máximas de arsênio em alimentos e estabelece valores seguros para o consumo humano.
Os sinais e sintomas clínicos iniciais de intoxicação aguda por arsênio são: dor abdominal, vômito, diarreia, vermelhidão da pele, dor muscular e fraqueza. Esses efeitos frequentemente são seguidos por dormência e formigamento das extremidades, cãibras e pápula eritematosa.
Segundo a OMS, há relatos de intoxicação aguda por ingestão de água de poços, com concentrações bastante elevadas, de até 21mg/L.
Fonte: Correio do Povo