Rio Grande do Sul - O traficante mais procurado do Rio Grande do Sul, Juliano Biron, 42 anos, foi preso em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, em ação da Fuerza Especial de Lucha Contra el Narcotráfico (FELCN), braço da polícia boliviana. Apontado pela Polícia Civil como liderança de uma facção com base no Vale do Sinos, ele estava foragido desde outubro de 2023 e tinha quatro mandados de prisão preventiva em aberto.
A captura ocorreu na quarta-feira (10), mas só foi confirmada na manhã desta quinta (11). Biron vivia no país vizinho com identidade falsa, apresentando-se como João Paulo Zucco, supostamente natural de São José (SC). Ele acumula 33 anos de condenação em regime fechado.
Outro traficante gaúcho, morador de Cachoeirinha, também foi preso na ação.
Operação e Prisão
Segundo o delegado Alencar Carraro, diretor de Investigações do Denarc, o criminoso vinha sendo monitorado desde sua chegada à Bolívia. Informações repassadas pela Polícia Civil gaúcha à Polícia Federal e às autoridades bolivianas foram decisivas para localizar o paradeiro do fugitivo.
“Nossa prioridade era prender o Biron. Repassamos às autoridades locais características dele, do local onde estava escondido e até os veículos que usava”, disse Carraro.
Antes da captura, o Denarc já havia colocado como prioridade a prisão de Biron, que assumiu a condição de fugitivo mais procurado do Estado após a prisão de Fábio Rosa Carvalho, o ‘Fábio Noia’, na Argentina, em agosto.
Investigação e Patrimônio
Em dezembro do ano passado, Biron foi alvo da Operação Beatus, da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro. A investigação aponta que sua quadrilha movimentou cerca de R$ 1 bilhão desde o fim de 2022.
Na ocasião, a polícia confiscou 17 fazendas no Rio Grande do Sul, incluindo propriedades em Garruchos e Santo Antônio das Missões, onde havia pistas de pouso usadas para o transporte aéreo de drogas vindas da Bolívia. As áreas também eram utilizadas para criação de gado, numa tentativa de mascarar o dinheiro do tráfico.
Histórico Criminal
Biron tem longo histórico criminal. Em 2020, foi condenado a 20 anos e oito meses pela morte do fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, de 22 anos, em Canoas. Ele já cumpria pena pelo crime desde 2016 e chegou a passar pela Penitenciária Federal de Mossoró (RN), retornando depois ao RS.
Em 2022, obteve prisão domiciliar humanitária e, posteriormente, autorização para cumprir pena em Cascavel (PR). Após cirurgias, também conseguiu dispensa do uso de tornozeleira eletrônica.
Em outubro do ano passado, foi novamente condenado por tráfico e lavagem de dinheiro e desapareceu. Agora, volta a ocupar o centro das atenções como símbolo da repressão ao crime organizado no Rio Grande do Sul.