INVESTIGAÇÃO

Reconstituição detalha morte de homem algemado por policiais em Bom Jesus

O laudo pericial produzido pelo IGP será encaminhado à Justiça pela Polícia Civil, como complemento ao Inquérito Policial

Imagens mostram aparente execução  em Bom Jesus | Foto: Polícia Civil / CP
Imagens mostram aparente execução em Bom Jesus | Foto: Polícia Civil / CP

Serra Gaúcha - Peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) realizaram nesta sexta-feira (22) a Reprodução Simulada dos Fatos, conhecida popularmente como reconstituição, do homicídio que vitimou Geovane Matias Maciel, em 4 de março de 2025. O procedimento foi conduzido no Km 64 da BR-285, local onde ocorreu a abordagem policial.

A reconstituição foi solicitada pelo delegado Anderson Silveira de Lima, que presidiu as investigações. Participaram do procedimento o delegado e a Promotora de Justiça, acompanhando todas as etapas da perícia.

Reconstituição

Na quinta-feira (21), os peritos do IGP realizaram entrevistas individuais e preliminares com os quatro policiais militares envolvidos na ocorrência e uma testemunha, colhendo informações das versões de cada participante de forma incomunicável. Hoje, no local do crime, essas versões foram reproduzidas, permitindo que os peritos avaliassem detalhadamente a dinâmica dos fatos.

O laudo pericial produzido pelo IGP será encaminhado à Justiça pela Polícia Civil, como complemento ao Inquérito Policial, oferecendo informações técnicas sobre a sequência de ações que levaram à morte de Geovane.

Relembre o caso

O homicídio ocorreu em 4 de março de 2025, durante uma abordagem policial no Km 64 da BR-285, em Bom Jesus, por volta das 14h30min. Um vídeo enviado ao Ministério Público mostrou que Geovane Matias Maciel estava rendido e algemado quando recebeu quatro disparos de arma de fogo.

Inicialmente, os policiais alegaram legítima defesa, afirmando que a vítima os atacou com uma faca. No entanto, a análise das imagens contradisse a versão oficial, revelando que Geovane já estava imobilizado no momento dos tiros.

A Polícia Civil conduziu a investigação, analisando laudos de necropsia, exames balísticos, oitivas de testemunhas e perícia do vídeo que registrou a execução. As apurações indicaram que os policiais tentaram manipular a cena do crime e forneceram informações falsas, configurando fraude processual.

Com base na investigação, a Delegacia de Polícia de Vacaria concluiu o inquérito policial em 18 de julho de 2025 e encaminhou ao Judiciário com o indiciamento dos quatro policiais:

Soldado autor dos disparos: Homicídio qualificado (por dificultar a defesa da vítima) e fraude processual.

Outro sargento e dois soldados: Fraude processual e prevaricação, por tentarem encobrir a execução e alterar relatos sobre a dinâmica do crime.

O autor dos disparos teve sua prisão preventiva decretada e atualmente está detido em unidade militar na capital gaúcha.