Uma grande operação conjunta das forças de segurança de Caxias do Sul desarticulou uma estrutura criminosa que vinha atuando nos bairros 1º de Maio e Panazzolo, nesta sexta-feira (24). A ação, batizada de Operação Casamata, envolveu Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) Brigada Militar, por meio do 12º Batalhão de Polícia Militar (12 BPM) e 4º Batalhão de Polícia de Choque (4ºBPChq); Corpo de Bombeiros Militar e Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra (CRPO).
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro endereços interligados, que formavam um complexo de reciclagem utilizado como fachada para as atividades ilícitas. No local, os agentes apreenderam oito armas de fogo (entre elas dois fuzis calibre 5.56), mais de meio milhão de reais em espécie, drogas (maconha, cocaína e crack) e nove veículos, sendo dois blindados.
Dez pessoas foram presas (oito homens e duas mulheres), todas com antecedentes por tráfico de drogas e crimes violentos. Elas responderão por tráfico de drogas e posse ilegal de armas de fogo de uso restrito.
Segundo o delegado Raone Nogueira, da DHPP, a operação foi deflagrada a partir de uma tentativa de homicídio registrada na última terça-feira (21), quando um trabalhador inocente foi confundido com o alvo real dos criminosos.
“A partir das informações coletadas, identificamos que se tratava de um conflito interno dentro de uma facção criminosa. Levantamos os endereços das lideranças envolvidas e verificamos a probabilidade de que houvesse armas e drogas nos locais, o que se confirmou”, explicou o delegado.
Raone ressaltou ainda que a ação, planejada em menos de 72 horas, impediu que o conflito interno se transformasse em uma sequência de homicídios.
“A população, às vezes, tende a achar que brigas entre facções ‘se resolvem entre eles’, mas o risco é sempre o de inocentes serem atingidos, como quase aconteceu na terça-feira. Nosso papel é preservar vidas e garantir a percepção de segurança em Caxias do Sul”, afirmou.
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De acordo com as autoridades, a base criminosa funcionava como uma fortaleza, com portões reforçados, guaritas e barreiras para dificultar a entrada da polícia. Os fuzis, drogas e dinheiro estavam escondidos entre montes de lixo e tonéis dentro do galpão de reciclagem.
O comandante do CRPO Serra, coronel Vargas, classificou a operação como “um exemplo de integração e inteligência policial”. A investigação aponta que o líder da organização já está preso, e que os dois principais responsáveis pelo braço local foram detidos na ação de hoje. Além do tráfico e do arsenal, as forças de segurança investigam agora a suspeita de lavagem de dinheiro relacionada ao montante apreendido.
Nenhum tiro foi disparado durante a operação.
“Toda vez que soubermos que um crime está sendo planejado, voltaremos lá. Derrubaremos o portão quantas vezes for preciso”, afirmou um dos oficiais presentes, simbolizando o tom firme da ofensiva.
A Operação Casamata representa, segundo as forças de segurança, um passo importante na contenção da violência em Caxias do Sul e reforça o compromisso das instituições com o combate ao crime organizado na Serra Gaúcha.
Durante a operação, moradores da região relataram constrangimento e medo. Alguns disseram que tiveram danos em suas residências e questionaram a forma de abordagem dos agentes e a falta de informações enquanto a ação ocorria. Eles preferiram não gravar entrevista.
