Uma ação conjunta, entre a Polícia Federal (PF) e Corregedoria da Receita Federal, revelou um esquema de desvio e revenda de mercadorias apreendidas no Rio Grande do Sul. Vinhos estão entre os itens mais comercializados ilegalmente. A operação investigou crimes como peculato, facilitação ao contrabando, lavagem de dinheiro e organização criminosa, além da afetação de servidores públicos, empresários e membros das forças de segurança.
Após a prisão de dez pessoas, supostamente envolvidas no esquema, a investigação apontou que o grupo atuava manipulando registros de mercadorias apreendidas. No exemplo de vinhos, as autoridades apreendiam garrafas de alto valor, porém, ao serem registradas na Receita, eram descritas de forma genérica como “vinhos tintos”. Esses produtos caros eram substituídos por garrafas de menor valor ao serem inseridos no depósito da Receita, gerando lucros aos envolvidos com a venda das mercadorias desviadas.
O esquema não se limitava ao desvio de vinhos, mas abrangia itens de alto valor agregados como smartphones de marcas conhecidas, joias, perfumes e bebidas. Estima-se que o prejuízo causado pelo esquema seja de aproximadamente R$ 150 milhões. A investigação revelou que parte dos lucros obtidos foi usada para aquisição de propriedades e veículos de luxo, além de investimentos em construções.
A operação também descobriu que agentes de segurança do esquema informavam rotas de transporte de mercadorias de alto valor para garantir que não fossem interceptadas por fiscalizações. Os servidores da Receita Federal envolvidos na investigação estão sujeitos a processos disciplinares, podendo ser afastados do serviço público caso as suspeitas sejam confirmadas.
Durante a operação, além das prisões, foram apreendidos 22 imóveis, 24 veículos e contas
bancárias bloqueadas, com montantes estimados em R$ 37 milhões. A Receita Federal informou que, como medida preventiva, designará uma equipe para fortalecer os mecanismos de controle e evitar a reprodução de fraudes desse tipo.
A PF e a Receita cumpriram mandados de prisão e buscam em diversas localidades no Rio Grande do Sul, incluindo Santa Maria, Pelotas e Lajeado, e também em Chapecó (SC).