Polícia

No Dia da Mulher, o reconhecimento às PMs que lutam pela segurança de Caxias do Sul

Uma simples homenagem às mulheres que vestem a farda brigadiana

No Dia da Mulher, o reconhecimento às PMs que lutam pela segurança de Caxias do Sul

Mesmo em meio a uma crise que força o Estado a parcelar os salários dos servidores públicos, com falta de efetivo em diversos órgãos de segurança pública e demais obstáculos do dia a dia, há o reconhecimento para quem se doa para fazer da sociedade um lugar melhor para todos nós. Neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o Portal Leouve lança uma série de reportagens que vai valorizar a atuação feminina em diversos setores. Sendo assim, as soldados Picoli, Niara, Carmen e Rolandi, contam um pouco de sua trajetória, ocorrências e ressaltam o orgulho em vestir a farda da Brigada Militar (BM), carregando a responsabilidade de, ao lado de todos os e as colegas, dar uma maior sensação de segurança aos moradores de Caxias do Sul e da Serra Gaúcha.

A mulher do que dá start no serviço essencial


Se já precisou telefonar para o 190, já deves ter repassado informações ou pedido auxílio para a soldado Picoli. Há oito anos vestindo a farda brigadiana, sendo que destes, seis foram dedicados ao policiamento de rua (ostensivo) e há dois no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp), Picoli demonstra orgulho do que faz.

“O serviço essencial. O 190 é onde ocorre o primeiro atendimento, seja de uma ocorrência de brevidade ou uma orientação para o cidadão que necessita. Um suporte para os colegas que trabalham na rua. A gente recebe diversas ligações de vários tipos de ocorrência e os ânimos se alteram praticamente a todo instante. Nunca sabemos o que vamos atender. Exige muita agilidade, calma, tranquilidade e passar para o cidadão que liga para cá uma solução, uma forma de tranquilidade.

Picoli não se vê em outra profissão que não ser policial. Ela vê como fundamental a atuação das mulheres no dia a dia da Brigada Militar.

“É um orgulho. Tenho orgulho de todos os dias vestir a farda da BM. Não me imagino, hoje, em outra profissão que não essa. Eu escolheria o mesmo. Pretendo acender na carreira e seguir. Não me imagino fazendo outra coisa. As mulheres ingressaram na Brigada Militar um pouco tarde, apenas em 1986 e a BM existe a 182 anos. De certa forma entraram tardiamente. Eu sinto orgulho em ter dado continuidade a este trabalho e ter trazido, talvez, uma sensibilidade que faltava à corporação”, completa.

Uma mulher entre doze homens


Além de encarar os perigos do dia a dia, a soldado Rolandi encara os desafios do trânsito de Caxias do Sul pilotando a viatura da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas, a Rocam, do 12° Batalhão de Polícia Militar. A maior parte dos três anos e quatro meses que veste a farda brigadiana são dedicados à Rocam. E, convenhamos, já são tantas ocorrências e situações que os três anos parecem muito mais, pelo respeito, empenho e batalha diária da soldado.

Rolandi se sente privilegiada e honrada por servir um grupamento como a Rocan e poder, ao lado de colegas, dar maior segurança aos caxienses.

“Eu faço o que eu gosto. Não pretendo sair daqui. Eu me sinto privilegiada. Nosso serviço é muito valorizado. Me sinto muito orgulhosa por ser a única mulher na Rocam. Segundo os colegas, a que ficou mais tempo no grupo. Me sinto totalmente acolhida. Até as mulheres quando nos veem na rua, nos vem cumprimentar por ver uma mulher policial e ainda de moto. Me sinto muito acolhida pela Brigada Militar e nunca fui tratada de forma diferente por ser mulher”, diz.

Nas veias da PM, corre o sangue brigadiano. Filha de policial, Rolandi seguiu os passos do pai e, mesmo se pudesse voltar no tempo, escolheria o mesmo caminho.

“Sou a única mulher PM na família. Meu pai é policial. Agora está na reserva. Eu agradeço pelos puxões de orelha, todo incentivo, porque ele me direcionou pro caminho certo. Se tivesse que voltar no tempo, escolheria o mesmo caminho”, completa.

Uma mulher de Choque


Bater de frente com o perigo, participar de ações estratégicas ou de brevidade, controlar tumultos e servir toda a região da Serra Gaúcha. Isso não é nenhum problema para a soldado Niara. Desde outubro de 2006 na Brigada Militar, a PM soube lidar com os desafios diários do policiamento ostensivo em Caxias do Sul até sair do 12° BPM e ir para o 4° Batalhão de Polícia do Choque (4° BpChq).

“O ostensivo me marcou devido às diversas ocorrências e situações que nós nos deparamos. Elas acrescentam bastante. São situações que exigem um desempenho, uma técnica para atuar. Situações que exigem a delicadeza da mulher, onde envolvem crianças, idosos em situação de vulnerabilidade. Então necessidade deste trato, de como vai encaminhar a ocorrência”.

Sobre a ocorrência que mais marcou Niara do tempo de ostensivo, a soldado reforça que não há como sitar apenas uma. Todavia, há um sentimento em situações que envolvem crianças e idosos.

“Difícil citar uma só. Mas, todas ocorrências que envolveram crianças, marcaram. Muitas vezes tu dás o encaminhamento, porém no fundo tu sabes que as vezes só Deus para tirar aquela vítima, aquela parte, da situação em que se encontrava”.

Niara segue os passos de familiares. Agora no Batalhão de Choque, a PM dedica-se junto aos companheiros de farda à preservação da ordem em mais de 60 municípios.

“Tenho orgulho. Me sinto muito feliz. Me sinto honrada. É muito gratificante ao mesmo tempo. Também tenho familiares na corporação. São diversas situações onde o Choque atua. Geralmente nas ocorrências de maior gravidade, escoltas, bloqueios. É um batalhão muito importante para a região”, salienta.

A mulher que protege e ensina

Ensinar crianças e adolescentes o caminho certo no atual momento é um desafio para poucos. Mas é algo que motiva a soldado Carmen a levantar da cama todos os dias para mostrar aos menores que o caminho certo, longe das drogas e da violência, é o certo a se seguir. Ela já formou mais de 3 mil alunos no Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) no Rio Grande do Sul. Ao lado de outros quatro colegas que atuam no projeto, dizendo sim para a estrada de paz e preservação da sociedade, Carmen formou só em 2019, 1, 3 mil alunos. Em 19 anos de corporação, sendo os últimos seis no Proerd, a soldado reconhece o papel fundamental da mulher dentro da Brigada Militar.

“Nós no 12° BPM não percebemos nenhuma diferenciação. Nós deixamos o ambiente mais harmonizado. A energia da mulher. Sempre formos respeitadas. Temos profissionais maravilhosas em todos os setores. São competências e habilidades que são respeitadas”, diz.

Realizada na função que ocupa hoje com a farda, até por ser professora de educação infantil, Carmen sabe que muitas famílias enfrentam caminhos tortuosos que, só com educação e segurança, é que a vida pode ter uma curva para trilhar a via correta.

“Eu sou professora de educação infantil há 12 anos e estou concluindo a pedagogia. Então, eu sempre me identifiquei com o magistério. Do ensinar. Eu me sinto contemplada. Gosto e me realizo enquanto profissional. Cada escola que eu entro eu me sinto realizada na minha função preventiva dentro da BM. A prevenção é o coração da segurança pública. É a base. Família, escola e segurança pública. No semestre passado, um aluna de 12 anos chegou e disse – profe, esse final de semana foi a primeira vez que conversei com minha mãe. Eu contei o que estava passando – Então, eu incentivo eles. Vai no mercado, chama para conversar, porque eles precisam saber quando todos faltarem, é a família que vai estar ali. Muita criança se revolta com as regras e não entende que elas existem na família e na sociedade como um todo, e precisam ser respeitadas. A gente precisa resgatar a autoridade da família como provedor, como responsável pela educação, e colocando os filhos no seu lugar. De filho, de aprendiz, de fruto daquela relação.”

Emocionada, Carmen lembra a importância da família na vida. Com uma história de superação, ela também busca passar isso aos alunos.

“Minha família é tudo pra mim. E é isso que tento passar para eles. Em dois anos, eu disse: ou deixo a BM, ou trago minha família. Sou natural de Ijuí e consegui trazer minha irmã. Meu irmão ficou e sinto muita saudade dele, Trouxe meus pais para morar comigo. É uma família linda, que não é a perfeita, mas muito linda. Sou a única a atuar na BM. Eu acredito que se voltasse no tempo, escolheria o mesmo caminho. Eu aprendi muito. Estou no lugar que tenha que estar. Com todos os seus per causos, obstáculos, não só para as PMS, mas também para os homens, mas sim. Com certeza eu estaria aqui onde estou. A Brigada Militar representa pra mim, hoje, a realização de sonhos, a construção da identidade. 19 anos, muito de mim foi construído com as vivências e a oportunidade de estar na corporação”, reforça.

Mulheres de guerra, de batalhas diárias, de mãos firmes e que não tem medo de encarar a vida como ela é. Seja nas ruas, no escritório, nas mais variadas tarefas dentro da Brigada Militar. Na reportagem, mostramos quatro PMs. Porém, a “homenagem”, se estende a todas as mulheres que vestem a farda brigadiana com toda garra e atuando para uma sociedade melhor diariamente. Mesmo com todos problemas, elas se superam. Ao lado dos colegas, mostram seu valor para a cidade de Caxias do Sul. E, o mínimo que merecem, é reconhecimento e respeito.

Fotos: Maicon Rech/GrupoRSCOM

Imagens: Maicon Rech e Isa Severo/GrupoRSCOM