"CASO BIA"

MP denuncia publicitário por feminicídio, esquartejamento e mais seis crimes em Porto Alegre

Ricardo Jarim está preso. Corpo da vítima foi desmembrado. O torso foi localizado em 1º de setembro, dentro de uma mala no guarda-volumes da Rodoviária de Porto Alegre.

Foto: Marcel Horowitz / CP / Reprodução
Foto: Marcel Horowitz / CP / Reprodução

Porto Alegre - O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) anunciou nesta segunda-feira (3), em entrevista coletiva em Porto Alegre, a denúncia contra Ricardo Jardim, 66 anos, acusado de matar, esquartejar e ocultar o corpo da namorada, Brasília Costa, 65 anos, conhecida como Bia. O caso, que chocou o Estado pela brutalidade, passa a ser tratado oficialmente como “Caso Bia”, conforme destacaram as promotoras responsáveis.

A coletiva contou com a presença do procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, da subprocuradora-geral Isabel Guarise Barrios, dos coordenadores de centros de apoio do MP e das promotoras Luciana Casarotto e Luciane Wingert, que assinam a denúncia.

Saltz classificou o crime como um dos mais cruéis registrados recentemente.

“É um crime que chocou a todos pela forma como ocorreu e também por ter sido cometido por alguém que já deveria estar preso. Além disso, estamos investigando o vazamento de depoimentos, que prejudica o andamento do processo”, afirmou.

A promotora Luciana Casarotto pediu que o caso passe a ser reconhecido pelo nome da vítima.

“Até agora se falou muito do investigado, mas hoje o Ministério Público fala por Brasília Costa. Não é o ‘caso da mala’, é a história de uma mulher covardemente morta, que tinha nome e história. Queremos que se chame de Caso Bia”, disse.

Já Luciane Wingert destacou que o histórico criminal de Jardim agrava a acusação.
“Ele já foi condenado pela morte violenta da própria mãe. Isso gera reincidência específica e impacta na execução da pena, reduzindo qualquer possibilidade de liberdade em caso de nova condenação”, explicou.

O MPRS denunciou Ricardo Jardim por oito crimes:

  • feminicídio envolvendo violência doméstica, qualificado pela idade da vítima e recurso que dificultou a defesa;
  • vilipêndio e ocultação de cadáver;
  • falsa identidade;
  • falsificação e uso de documentos falsos;
  • invasão de dispositivo informático;
  • e furto.

Após o assassinato, Jardim teria desmembrado o corpo da vítima e dispersado as partes em diferentes pontos de Porto Alegre, usando documentos falsos e o celular de Bia para simular que ela ainda estava viva.

O crime

A investigação identificou que os membros da vítima foram encontrados em 13 de agosto na Rua Fagundes Varela, bairro Santo Antônio. As pernas apareceram entre 6 e 7 de setembro, em áreas próximas ao Guaíba, e o torso foi localizado em 1º de setembro, dentro de uma mala no guarda-volumes da Rodoviária de Porto Alegre. A cabeça ainda não foi encontrada.

Ricardo Jardim foi preso em 4 de setembro. O publicitário já havia sido condenado em 2015 por matar e concretar o corpo da própria mãe dentro de um armário no apartamento onde morava, também na capital.

O Caso Bia segue em tramitação no Poder Judiciário, com a denúncia formalizada pelo Ministério Público.