CRIME

Golpe do bilhete premiado ainda faz vítimas no RS; polícia faz alerta

A recomendação principal é clara: desconfie sempre de promessas de dinheiro fácil. Em caso de dúvida, procure familiares ou acione a polícia.

Foto: Arquivo/Leouve
Foto: Arquivo/Leouve

Rio Grande do Sul - Um dos golpes mais antigos e conhecidos no Rio Grande do Sul segue fazendo vítimas, principalmente idosos. O chamado golpe do bilhete premiado consiste em uma abordagem simples nas ruas, quando criminosos simulam ter em mãos um bilhete da loteria supostamente premiado e convencem a vítima a entregar dinheiro como “garantia” para receber parte do valor.

Mesmo antigo, o crime continua sendo combatido pela Polícia Civil. Em Ibirubá, neste ano, agentes flagraram um homem aguardando que uma idosa fizesse uma transferência bancária de R$ 60 mil. A ação impediu o prejuízo. Dias antes, a mesma Delegacia já havia evitado que outra vítima perdesse R$ 100 mil.

Segundo o delegado Márcio Marodin, responsável pela investigação em Ibirubá, o foco tem sido identificar os autores e descapitalizar os grupos criminosos. “Estamos trabalhando também na investigação da lavagem de dinheiro usada para movimentar os valores obtidos nos golpes”, afirmou.

Como agem os criminosos

De acordo com o delegado Venicios Ildo Demartini, da Draco de Passo Fundo, a tática dos golpistas mudou pouco ao longo dos anos. “Primeiro, alguém de aparência humilde pede uma informação. Logo depois, um comparsa com boa aparência entra na conversa e confirma que o bilhete está premiado, até simulando uma ligação para a Caixa. A dona do bilhete promete dividir o prêmio, mas pede uma garantia em dinheiro. Nesse momento, a vítima entrega valores ou é levada até uma agência bancária para realizar saques ou transferências”, explica.

Com o dinheiro em mãos, os criminosos desaparecem e a vítima só então percebe o golpe. Atualmente, a preferência por transferências bancárias dificulta a rastreabilidade, já que os valores são rapidamente sacados ou repassados para outras contas.

Passo Fundo: o berço dos golpistas

Passo Fundo é apontada como origem do golpe no RS. Segundo Demartini, famílias inteiras já se especializaram na prática criminosa, passando os métodos de geração em geração. A Polícia Civil da cidade tornou-se referência nacional na investigação e repassa informações a delegacias de outros estados, já que os golpistas migraram para fora do RS diante do combate intenso no Estado.

Como se proteger

As autoridades reforçam que a prevenção depende principalmente da atenção das possíveis vítimas. O registro imediato de ocorrência, com detalhes sobre autores e veículos, aumenta as chances de prisão. Em casos de transferência bancária, é fundamental acionar rapidamente a agência para tentar reverter a operação.

Delegados alertam ainda que muitas vezes os criminosos induzem a vítima a inventar justificativas para o saque, como alegar gastos com saúde ou compra de imóveis.

A recomendação principal é clara: desconfie sempre de promessas de dinheiro fácil. Em caso de dúvida, procure familiares ou acione a polícia.