A Guarda Municipal (GM) de Caxias do Sul apreendeu diversos objetos perfurantes e cortantes em uma casa de passagem no bairro Cinquentenário. A ação, realizada nesta quarta-feira (22), foi motivada por denúncias de comportamentos agressivos e possíveis situações de risco entre os acolhidos. Durante a vistoria, os agentes encontraram facas, canivetes, estiletes e até uma machadinha. Nenhum confronto foi registrado, e todo o material foi recolhido para garantir a segurança de usuários e profissionais do serviço.
Segundo a Guarda Municipal, a operação teve caráter preventivo e visa preservar a integridade física de todos os envolvidos. O órgão reforçou ainda o compromisso com a segurança pública e orientou que denúncias sejam feitas pelo número 153.
Remédio depois da tragédia
A apreensão ocorre dias após o assassinato do educador social David Junior de Oliveira Alves, de 39 anos, dentro do Núcleo de Olhar Solidário (NÓS), também em Caxias do Sul. O crime, cometido por um acolhido do abrigo, expôs a vulnerabilidade dos trabalhadores da assistência social e reacendeu o debate sobre segurança nos serviços de acolhimento do município.
Após o crime, o Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional (Senalba) divulgou uma carta aberta denunciando falhas estruturais e de segurança, como a ausência de câmeras de monitoramento, a falta de revistas nos acolhidos e o livre acesso à cozinha — onde há facas e utensílios cortantes. O sindicato relacionou diretamente a morte de David à “negligência institucional” e à omissão do poder público.
Na Casa NÓS, que abriga cerca de 50 pessoas em situação de vulnerabilidade, há apenas três educadores por turno, segundo o Senalba. O sindicato cobra medidas urgentes, como o aumento do número de profissionais, a instalação de câmeras e a revisão dos protocolos de segurança.
Debate Legislativo e Medidas Adicionais
A discussão ocorre em meio à tramitação, na Câmara de Vereadores, do Projeto de Lei nº 240/2025, de autoria do vereador Hiago Stock Morandi (PL), que propõe a internação involuntária de dependentes químicos em situação de rua. A proposta ganhou força após o crime, mas divide opiniões entre profissionais da assistência social, que pedem investimento em estrutura e equipes antes de medidas compulsórias.
A sequência de acontecimentos — a morte do educador e a apreensão de armas brancas em outra casa de passagem — reforça o alerta sobre a falta de segurança e a urgência de revisão das políticas de acolhimento em Caxias do Sul.