Rio Grande do Sul - Com cumprimento de mandados também em Caxias do Sul, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou a Operação Mavick, coordenada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Bagé na quarta-feira (1). A ofensiva teve como objetivo desmantelar uma ampla rede de lavagem de dinheiro ligada ao tráfico de drogas e a uma organização criminosa com atuação interestadual.
A ação mobilizou cerca de 350 policiais civis em sete estados do país e resultou no cumprimento de 4 mandados de prisão preventiva, 70 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de mais de R$ 18 milhões em bens e contas bancárias. Ao todo, cinco pessoas foram presas, 20 veículos apreendidos e 63 contas bancárias de “laranjas” foram bloqueadas.
Além de Caxias do Sul, os mandados foram cumpridos em outras cidades gaúchas como Bagé, Canoas, Porto Alegre, São Leopoldo, Lajeado, Campo Bom, Esteio, Charqueadas, São Jerônimo, Pelotas, Montenegro e Uruguaiana. Também houve operações em municípios de Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Organização contava com tecnologia e esquema milionário
Segundo a Draco de Bagé, a organização utilizava drones adaptados para transportar celulares e drogas para dentro do sistema prisional, especialmente para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde o líder da quadrilha está recolhido. Um dos principais investigados é proprietário de uma empresa de manutenção de drones em Itajaí/SC, responsável por realizar as adaptações nos equipamentos, que incluíam braços articulados para transporte aéreo de entorpecentes e aparelhos celulares.
As investigações também revelaram um esquema de lavagem de dinheiro em larga escala. O trio central da operação – o líder preso, o fornecedor de drones, sua companheira e a operadora financeira – movimentou mais de R$ 18 milhões de forma incompatível com seus rendimentos. Os recursos passavam por contas bancárias de dezenas de “laranjas”, agora sob bloqueio judicial.
Investigação começou com tentativa de instalação de laboratório de cocaína em Bagé
A operação tem origem em uma apuração iniciada em novembro de 2023, quando surgiu a informação de que o grupo planejava instalar um laboratório de refino de cocaína em Bagé. Na ocasião, foram apreendidos celulares com indícios da associação criminosa. Em março de 2024, a polícia localizou e desmontou o laboratório, prendendo cinco pessoas em flagrante e apreendendo drogas, prensa, material químico e 11 celulares novos que seriam lançados por drones para dentro da prisão.
Conexão com a “Operação Aliança Sombria”
Em julho de 2025, a investigação teve um desdobramento com a Operação Aliança Sombria, que aprofundou o combate à corrupção no sistema prisional e ao uso de tecnologia por facções criminosas. A Polícia Civil destaca que a Operação Mavick representa um duro golpe contra o tráfico de drogas e os mecanismos de financiamento ilícito das organizações criminosas. O nome da operação, segundo os investigadores, faz alusão aos drones utilizados no esquema, com referência à marca dos equipamentos empregados.