ALTA PERICULOSIDADE

Assaltante de bancos foragido de Caxias do Sul é preso no interior do Paraná

"Véio" possui uma extensa ficha criminal, com mais de 60 anos de condenações por crimes como assalto a bancos, falsificação e uso de documentos públicos, sequestro e cárcere privado. Na foto, uma das prisões: em 2015, no Vale do Taquari.

Agripino (à direita), foi preso em 2015, quando estava em liberdade para tratar um câncer (Foto: BM/Divulgação)
Agripino (à direita), foi preso em 2015, quando estava em liberdade para tratar um câncer (Foto: BM/Divulgação)

Caxias do Sul e Rio Grande do Sul - Agripino Brizola Duarte, de 55 anos, foragido de Caxias do Sul, condenado por liderar ataques violentos do tipo “Novo Cangaço”, foi preso na tarde desta terça-feira (07), em Corbélia, no interior do Paraná. A ação foi resultado de um trabalho de inteligência da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, em conjunto com equipes da Radiopatrulha, Patrulha Rural da Polícia Militar do Paraná a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/RS).

O criminoso, conhecido pelas alcunhas de “Véio” e “Jorge”, estava foragido desde julho de 2025, quando rompeu a tornozeleira eletrônica e desapareceu. Contra ele, havia um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara de Execução Criminal de Caxias do Sul, referente à regressão cautelar de regime.

A pena total a cumprir era de 41 anos no regime semiaberto, com condenações que somam mais de 60 anos por diversos crimes, como assaltos a bancos, sequestro, cárcere privado, falsificação de documentos e uso de identidade falsa.

Atuação violenta em ataques no RS

O criminoso tem longo histórico de envolvimento em ações conhecidas como “Novo Cangaço”, modalidade de crime organizado em que quadrilhas fortemente armadas cercam cidades inteiras durante a noite ou madrugada, fecham acessos, usam reféns como escudos humanos e atacam agências bancárias para roubar grandes quantias em dinheiro.

As investigações apontaram que ele atuava como liderança operacional nas ações no interior do Rio Grande do Sul, especialmente na região da Serra Gaúcha, como um ataque ao Banco do Brasil de Campestre da Serra, em 2015, em que ele e mais seis da quadrilha foram presos. Outros crimes também incluíam assaltos a estabelecimentos comerciais e residências, sempre com uso de armamento pesado e logística avançada.

A ficha penal de Duarte registra sua primeira condenação por um crime cometido em março de 2007, em Lajeado. Na ocasião, ele e um comparsa assaltaram uma exportadora de pedras, roubando 3,8 quilos de ametista e R$ 2 mil do caixa do estabelecimento. Pelo crime, foi condenado a seis anos e oito meses em regime fechado, mas em maio de 2009, um recurso à segunda instância reduziu a sentença para cinco anos e quatro meses em regime semiaberto. Um mês depois, fugiu, e foi recapturado em outubro do mesmo ano, retornando à cadeia.

Em junho de 2010, voltou ao semiaberto, mas, em novembro, cometeu novo crime: invadiu uma residência no bairro Americano, em Lajeado, com um comparsa, roubando diversos pertences da família. Foi preso em flagrante pela Brigada Militar, e esse episódio adicionou nove anos à sua pena total.

Em dezembro de 2011, recebeu nova condenação (desta vez de oito anos e três meses) por um assalto ocorrido em julho de 2007, em Porto Alegre. Na ocasião, ele e um cúmplice roubaram um estabelecimento comercial e, em seguida, foram até a casa dos proprietários, mantendo-os reféns e saqueando a residência. A sentença foi posteriormente reduzida, em segunda instância, para cinco anos e 11 meses.

No início de 2013, Duarte voltou ao semiaberto, mas fugiu novamente no mês seguinte. Foi recapturado em abril daquele ano, após fugir de uma barreira da Brigada Militar em Canoas. Estava em um veículo clonado e, por esse crime, recebeu mais um ano e nove meses de pena no semiaberto. No entanto, por ter reincidido na fuga, retornou ao regime fechado.

Ainda em 2013, foi condenado a mais 20 anos de prisão por um roubo a residência cometido em 2010, em Palmeira das Missões. Durante o crime, a vítima Ogue da Silva Fagundes sofreu um infarto e morreu após ser agredida por Duarte, que exigia informações sobre armas na casa que, posteriormente, foram encontradas pelos criminosos.

No final de 2014, “Véio”, já debilitado por um câncer, recebeu o benefício da prisão domiciliar. No entanto, descumpriu a medida e passou novamente à condição de foragido. Em fevereiro de 2015, participou de um ataque ao Banco do Brasil de Campestre da Serra, sendo mais uma vez preso. Mesmo assim, no início de setembro daquele ano, obteve novamente direito à prisão domiciliar, em razão de sua condição de saúde.

Apesar disso, no início de outubro, mesmo doente, voltou a cometer crimes. Na segunda-feira anterior à sua prisão, havia participado de assaltos a agências bancárias no município de Imigrante (RS), sendo novamente capturado.

Em dezembro de 2019, Agripino esteve foragido – de novo – após descumprir a prisão domiciliar, benefício conquistado para o tratamento de doenças graves (câncer). Em setembro daquele ano, também havia sido preso com um carro roubado em Parobé. Na mesma ação, duas mulheres e três homens foram presos com dinheiro e uma pistola 9 milímetros, calibre restrito às forças armadas.

Prisão em Corbélia

Após receber informações da inteligência da Brigada Militar, equipes da PM do Paraná localizaram o esconderijo do foragido em uma residência de Corbélia. Ao perceber a aproximação das viaturas, Agripino tentou fugir, mas foi rapidamente contido pelos policiais.

Durante revista, nada de ilícito foi encontrado. No entanto, ao ser abordado, ele apresentou documentos falsos e identificação divergente, o que configurou o crime de falsidade ideológica. A verificação minuciosa confirmou sua real identidade e a existência do mandado de prisão ativo.

Encaminhamento e desfecho

“Véio” foi encaminhado à sede da 3ª Companhia do 31º Batalhão da Polícia Militar, onde foi lavrado o boletim de ocorrência. Em seguida, ele foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil de Corbélia, onde passou por triagem e, posteriormente, entregue à Polícia Penal.

A expectativa é de que Agripino seja transferido nos próximos dias para o sistema prisional do Rio Grande do Sul, onde retomará o cumprimento de sua pena em regime fechado.

Colaboração e Denúncias

A Brigada Militar reforçou que a colaboração da população é fundamental e qualquer informação sobre foragidos pode ser repassada de forma anônima pelo telefone 190 ou pelo Disque-Denúncia.