LEGÍTIMA DEFESA

Polícia Civil investiga morte de lenhador durante ação ambiental no interior de Santa Maria

Brigada Militar alegam que agiram após serem atacados com machado durante fiscalização. Família da vítima nega a versão e diz que atividade era legalizada

Foto: Reprodução
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A Brigada Militar alega legítima defesa na ação que resultou na morte do trabalhador rural Valdemar Both, de 54 anos, na tarde de terça-feira (1º), no interior de Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul. O coronel Rodrigo Gonçalves do Santos, comandante do Comando Ambiental do Rio Grande do Sul, confirmou a informação em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (2).

Ele explicou que dois policiais militares efetuaram os disparos durante uma abordagem em uma propriedade localizada na Estrada do Radar, no distrito de Palma. Segundo o comandante, a guarnição foi ao local para fiscalizar possíveis crimes ambientais, como a extração e comercialização de madeira sem as licenças exigidas por lei.

Sequência dos disparos

Conforme o relato oficial, a policial militar atirou primeiro ao ser ameaçada com uma machadinha. Em seguida, ao se desequilibrar, o segundo PM teria efetuado mais dois disparos. Ambos os tiros atingiram Valdemar, que morreu no local. A machadinha, supostamente utilizada para ameaçar os agentes, foi apreendida e encaminhada para perícia.

O comandante também esclareceu que a abordagem não ocorreu por denúncia formal, mas sim como parte de uma ação de fiscalização ambiental. A propriedade estava vazia, exceto por Valdemar, no momento do fato. Ele seria o responsável pela atividade de beneficiamento de madeira no local.

Investigação e afastamento dos policiais

Atualmente, a Brigada Militar e a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) da Polícia Civil investigam a ocorrência de forma paralela, por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). Diante da gravidade dos fatos, as corporações decidiram afastar temporariamente os dois policiais envolvidos até a conclusão das apurações. Vale destacar que nenhum dos PMs sofreu ferimentos durante a ação.

O Instituto Geral de Perícias (IGP) recebeu o corpo de Valdemar para necropsia e, até a tarde desta quarta-feira, ainda não havia informado a data de liberação.

Versão da família contesta versão oficial

Por outro lado, a família de Valdemar Both contesta a versão apresentada pela Brigada Militar. Segundo o advogado que representa os familiares, os policiais chegaram à propriedade após receberem uma denúncia anônima de desmatamento de árvores nativas. Ainda de acordo com o defensor, Valdemar adquiria eucaliptos legalmente para a produção de lenha e, além disso, utilizava ferramentas como a motosserra devidamente regularizadas.

Despedida

Valdemar Both deixa a esposa, de 49 anos, e um filho de 21. A família realizará o sepultamento na cidade de Vista Gaúcha, no norte do Estado, onde reside.

Nota de Esclarecimento – Comando Ambiental da Brigada Militar