Garibaldi

Ministério Público denuncia donos e funcionária de restaurante pela morte de jovem com aparelho de fondue

Indígena Jaqueline Tedesco, 26 anos, que já morou em Garibaldi, sofreu queimaduras de 2° e 3° graus durante comemoração de formatura. Decisão da promotoria ocorreu nesta quarta-feira (25)

Ministério Público denuncia donos e funcionária de restaurante pela morte de jovem com aparelho de fondue
Foto: Reprodução/MPRS

O caso da indígena Jaqueline Tedesco, 26 anos, que morreu após ter parte do corpo queimado durante a celebração de sua formatura em um restaurante de Rio Grande, no início deste ano, terá novos desdobramentos. Nesta quarta-feira (25), o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou os donos do estabelecimento e uma funcionária pela morte da jovem. A deliberação foi feita pelo promotor Fernando Gonzales Tavares.

No dia 9 de março, Jaqueline sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus no rosto, cervical, tórax e membros superiores durante o manuseio de um aparelho de fondue. A causa, aponta o MPRS, está ligada a uma falha na reposição de álcool no equipamento. A jovem teve 30% do corpo queimado e morreu dias depois, em 15 de março, no hospital.

“Houve negligência por terem (responsáveis pelo empreendimento) ignorado regras de segurança imprescindíveis para o manuseio de fontes de calor, inclusive, autorizando a funcionária a usar fogareiro sem supervisão e sem receber treinamento adequado, além da utilização de produto químico”, diz nota do MPRS.

Os proprietários do restaurante, um homem de 38 anos e uma mulher de 36 foram denunciados por homicídio culposo — quando não há intenção de matar —, além de duas lesões corporais causadas em familiares da vítima.

Na análise da promotoria, uma funcionária, 19, responsabilizada pelos mesmos crimes, teria sido imprudente por manusear fonte de calor despejando álcool gel diretamente em um rechaud (chapa que mantém o alimento aquecido) sem verificar que havia resquício de fogo no equipamento. A acusada também não teria usado abafador necessário para controle de chamas.

O promotor à frente do caso pediu a imediata suspensão das atividades do restaurante por meio de medida cautelar até regularização do local junto ao Poder Público.

“Foi uma série de negligências dos proprietários, além da imprudência da funcionária do restaurante. A morte da vítima causou imensa comoção social, pois, além de sua extrema gravidade, Jaqueline era uma jovem indígena, pertencente, portanto, a um grupo vulnerável que, na ocasião, estava comemorando a sua formatura no curso de Direito. Tanto o recebimento da denúncia, quanto o requerimento da medida cautelar de fechamento do estabelecimento estão agora aguardando a análise do Poder Judiciário”, acrescente Tavares.

Os nomes do restaurante, dos proprietários e da funcionária não foram divulgados pelo Ministério Público.

Formada em Direito

Jaqueline celebrava, no dia 9 de março, a conclusão do curso de Direito pela Universidade Federal de Rio Grande (Furg) ao lado de familiares e amigos. Natural de Planalto, ela morou em Garibaldi com a família, e estudou na Escola Attílio Tosin e no Instituto Estadual Professora Irmã Teofânia, antes de ingressar na FURG.

Apesar de jovem, carregava consigo representatividade. Jaqueline foi a quarta indígena a se formar em Direito pela universidade e a primeira mulher indígena a ocupar a coordenação-geral do Diretório Central de Estudantes.

O sepultamento ocorreu no dia 16 de março, no Cemitério Público Municipal de Garibaldi.