(TRT/Divulgação)
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Caxias do Sul - Uma reunião no Foro Trabalhista de Caxias do Sul, na última quarta-feira (12), movimentou a rede socioassistencial do município. O vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS), desembargador Alexandre Corrêa da Cruz, conduziu uma sessão de mediação que buscou respostas para os problemas nas casas de passagem e para as condições de trabalho dos profissionais que atuam nesses serviços.

O encontro reuniu representantes do SENALBA, da Fundação de Assistência Social (FAS), do Município, da Associação Mão Amiga e do Ministério Público do Trabalho. O sindicato levou ao TRT uma série de preocupações depois da morte do educador social David Junior de Oliveira Alves, de 39 anos, assassinado a facadas dentro do Núcleo de Olhar Solidário (NÓS) no dia 19 de outubro. David trabalhava no espaço desde abril e desapareceu por quase 24 horas até familiares e colegas encontrarem o corpo em um dos banheiros do abrigo.

(Especial Leouve)

O crime expôs falhas graves na segurança do local. Segundo testemunhas, o NÓS não possui câmeras de monitoramento e não realiza revista nos acolhidos. As pessoas que utilizam o serviço circulam livremente pela cozinha, onde há utensílios cortantes, e parte delas possui antecedentes policiais ou usa tornozeleira eletrônica. A estrutura funciona 24 horas por dia e atende pessoas em situação de vulnerabilidade, sob gestão conjunta da Mão Amiga, Per Amore e Prefeitura.

A morte do educador acendeu o alerta na categoria e motivou o pedido de mediação. Na audiência, o SENALBA cobrou a reabertura da Casa de Passagem Carlos Miguel (hoje Núcleo NÓS) com condições seguras e garantia de emprego para as equipes. O município informou que mantém quatro casas de passagem e que reavalia a situação da unidade onde David trabalhava.

Após quase duas horas de discussão, os participantes definiram encaminhamentos:

  • Documentos em 10 dias: FAS, Mão Amiga e Município entregarão documentos que comprovem o atendimento às demandas do sindicato.
  • Reestruturação e Reabertura da Casa Carlos Miguel
  • Reestruturação e reabertura da Casa Carlos Miguel: a FAS assumiu o compromisso de apresentar, em até 30 dias, um plano de reorganização dos serviços e a viabilidade da reabertura. Os 22 trabalhadores da unidade receberam garantia de estabilidade durante esse período.
  • Participação no comitê: o SENALBA passou a integrar o CIAMP-RUA, que se reuniu já na quinta-feira (13) e acompanha políticas para a população em situação de rua.

O TRT agendou uma nova sessão de mediação para 11 de dezembro, quando as entidades deverão apresentar respostas concretas para a crise.

Apelo

A família de David, colegas e demais trabalhadores esperam que o caso não se repita e que a morte do educador provoque mudanças reais no sistema de acolhimento de Caxias do Sul. As entidades reconhecem a urgência de reforçar a proteção aos profissionais que lidam diariamente com situações de risco e, que, hoje, cobram medidas para continuar trabalhando com segurança.