Rio Grande do Sul - A decisão da 1ª Câmara Especial Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) de reduzir as penas dos réus do Caso Kiss gerou revolta e protestos entre os familiares das vítimas e sobreviventes. Apesar de a Câmara ter negado parte dos recursos apresentados pelos réus, a redução das penas de 18 a 22 anos para 11 a 12 anos não foi bem recebida.
Flávio Silva, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), não escondeu sua indignação. Pai de Andrielle Righi, que faleceu aos 22 anos na tragédia de janeiro de 2013, Flávio criticou abertamente a decisão e afirmou que a luta pela reversão da sentença continuará. “Não vamos jogar a toalha. Vamos recorrer até a última instância”, disse ele, visivelmente abalado, após uma viagem de mais de 4 horas até Porto Alegre para acompanhar o julgamento.
O grupo de familiares, que se reuniu em frente ao Tribunal de Justiça do Estado, protestou contra a decisão, expondo cartazes com fotos das vítimas e expressando sua dor e revolta. A redução das penas dos réus — os donos da boate e o segurança — foi o centro do protesto. Para os familiares, a decisão representa uma afronta à memória das 242 vítimas do incêndio, que ainda reverberam na cidade de Santa Maria, onde a tragédia completa 12 anos.
O Ministério Público do RS ainda não se posicionou oficialmente sobre a decisão, mas anunciou que fará uma avaliação interna para definir se recorrerá da redução das penas. A AVTSM, por sua vez, promete continuar a batalha judicial. “O cansaço maior está recaindo sobre nós, de ter nossos filhos assassinados e ainda ter que buscar forças para resistir”, desabafou Flávio Silva.
A luta por justiça, para os familiares das vítimas, não vai parar. Mesmo após a redução das penas, a esperança de um julgamento mais justo segue viva entre os sobreviventes e aqueles que perderam seus entes queridos na tragédia.