ESTELIONATO

Golpe com venda de veículo deixa duas vítimas em Caxias do Sul

Criminoso se passou por intermediário em anúncio de automóvel online, enganou proprietário e comprador, e ficou com o pagamento de R$ 7 mil

Moradores de Vacaria seguem caindo em golpes de estelionato
(Foto: Freepik) | Créditos:Freepik

Uma mulher e um homem, que preferiram não se identificar, foram vítimas de um golpe que envolveu a venda de um veículo por um falso anunciante, na última semana, em Caxias do Sul. O caso aconteceu quando a proprietária do automóvel, uma jovem de 22 anos, resolveu anunciar um veículo Gol por R$ 17 mil em um site de vendas na rede social Facebook.

Após anunciar o carro, a jovem foi contatada por um golpista que fingiu ser um comprador interessado. Com as informações de venda e as fotos fornecidas por ela, o criminoso publicou um novo anúncio no mesmo site, oferecendo o veículo por apenas R$ 7 mil — menos da metade do valor original. Aos possíveis compradores, ele alegou ser primo da proprietária e afirmou que ambos estavam vendendo o automóvel.

A mulher relata que o golpista pediu fotos e outros dados do carro após ter sido procurado pelo comprador, a outra vítima do golpe. Com essas informações, o criminoso convenceu o comprador de que o anúncio era legítimo. Assim, ele conseguiu enganar ambas as partes: a proprietária, que obteve os dados do veículo, e o comprador, especificando a negociação para que o pagamento fosse feito via PIX diretamente para a conta dele, em vez de para a conta da anunciante original.

O automóvel chegou a ser transferido para o nome do comprador no cartório. No entanto, após concluir o processo e entregar o veículo, a proprietária descobriu que havia sido vítima de um golpe. O comprador alegou ter feito o pagamento, mas o valor, na verdade, foi enviado para a conta do golpista.

“Ele pagou para o golpista, não para mim. Eu passei o carro para outra vítima e o comprador pagou para ele. O golpista estava falando comigo como se fosse sócio do comprador, mas o comprador também não sabia. O golpista disse que eles tinham que resolver uma dívida de um terreno entre eles com valor do carro. Nós dois estávamos sendo enganados ao mesmo tempo”, explica.

Segundo a mulher, o estelionatário disse ao comprador que iria repassar o dinheiro para a vítima após a venda, o que acabou não acontecendo.

“Ele achou que estava pagando para o meu primo. O golpista me pediu fotos do carro como se fosse um comprador e falou que era meu primo. Só que o comprador nem confirmou nada comigo desse parentesco. Ele disse que morava em Farroupilha e por isso não poderia estar presente no momento da negociação. Já para o comprador, ele informava que era meu primo”, afirma a vítima.

Após constatarem que foram vítimas de um golpe, ambos resolveram registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil de Caxias do Sul. Eles devem entrar em um acordo pessoal para definir a propriedade do veículo, que também será alvo de investigação na Justiça.

Desconfiar da urgência e de preços muito baixos é essencial para se prevenir contra golpes, aponta delegado

A ocorrência foi registrada na Delegacia de Pronto Atendimento da Polícia Civil nesta segunda-feira (2) e deve ficar a cargo da 1º Delegacia de Polícia Distrital, comandada pelo delegado Rodrigo Kegler. Conforme o delegado, esse tipo de crime é bastante comum e já tem até um apelido definido: o do golpe do “falso atravessador”.

Ele cita que a clonagem de anúncios é uma das práticas mais conhecidas dos criminosos nessas situações. Dessa forma, para evitar cair nesse tipo de golpe, ele comenta que a principal orientação é desconfiar de situações de urgência que visam acelerar o repasse de valores.

“O estelionatário trabalha sempre com a urgência, seja de um preço muito barato ou de uma situação que tem que ser resolvida naquele momento. E é com essa urgência que ele faz com que a vítima não pense no que está fazendo. Transfere um veículo sem verificar para quem que está sendo feito o depósito. Nesses casos, a principal orientação é ter calma e desconfiar sempre de benefícios extraordinários em negociações”, explica.

Sobre quem seria o dono do veículo em uma situação como essa, o delegado salienta que isso também pode ser resolvido na Justiça.